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Cantareira tem maior alta desde início da crise hídrica

Após dois dias seguidos de chuvas intensas, o Sistema Cantareira registrou ontem a maior alta desde o início da crise hídrica


	Sistema Cantareira: nível do manancial subiu 1,3 ponto porcentual
 (Fernando Carvalho/Fotos Públicas)

Sistema Cantareira: nível do manancial subiu 1,3 ponto porcentual (Fernando Carvalho/Fotos Públicas)

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Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2016 às 10h22.

São Paulo - Após dois dias seguidos de chuvas intensas, o Sistema Cantareira registrou ontem a maior alta desde o início da crise hídrica.

O nível do manancial subiu 1,3 ponto porcentual - o recorde anterior era 0,7 ponto, em 7 de dezembro de 2015 - e atingiu 35,2% da capacidade, ainda considerando as duas cotas do volume morto das represas.

Em 24 horas, o Cantareira recebeu 14 bilhões de litros de água da chuva e de seus afluentes, quase metade do que entrou durante todo o mês de janeiro de 2015, o mais seco da história do manancial. O volume é suficiente para abastecer cerca de 5 milhões de pessoas por dez dias ou para encher 5,6 mil piscinas olímpicas.

Segundo Pedro Côrtes, professor da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em recursos hídricos, as chuvas constantes que têm caído no manancial desde outubro do ano passado ajudaram a encharcar o solo que estava seco e anular o chamado "efeito esponja", aumentando a vazão afluente. Só nos últimos dois dias o sistema recebeu 62,2 milímetros de chuva, 43% do que já choveu até agora (143,6 mm) e 24% do esperado para todo o mês (264 mm).

"Realmente, o volume afluente tem sido muito grande pela sequência de chuvas no manancial. Esses dias nublados e chuvosos têm sido propícios para recarregar o lençol freático e aumentar o estoque de água nos reservatórios. Certamente isso é consequência de um El Niño (fenômeno de aquecimento das águas do Oceano Pacífico) de forte intensidade, mas que tende a acabar por volta de maio", explica Côrtes.

Exploração

Diante da recuperação gradativa do Cantareira, que registra altas consecutivas há 44 dias, a Agência Nacional de Águas (ANA), do governo federal, e o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), do governo paulista, autorizaram ontem a Sabesp a retirar 30% mais água do sistema neste mês. Agora, a companhia poderá captar até 19,5 mil litros por segundo, volume semelhante ao que captava em outubro de 2014. O limite anterior era de 15 mil l/s.

A Sabesp, contudo, queria alterar o ponto de controle do limite de captação, na saída da Represa Paiva Castro, em Mairiporã, na Grande São Paulo, para a Represa Atibainha, em Nazaré Paulista. Ao todo, o Cantareira é formado por quatro reservatórios. A ANA rejeitou a proposta, alegando que com a mudança a companhia poderia retirar, além dos 19,5 mil l/s da Atibainha, cerca de 4,5 mil l/s a mais da Paiva Castro, o que daria uma captação total do Cantareira de 24 mil l/s, índice praticado em abril de 2014, quando o manancial tinha cerca de 10% da capacidade normal. Ontem, esse índice era de 5,9%.

Outra proposta da Sabesp rejeitada foi a meta de reservação de água no Cantareira no fim de 2016. No pedido, a companhia apresenta um modelo de operação tendo como meta chegar a dezembro deste ano com 5% do volume normal, sem incluir o volume morto. Para a ANA, o índice deverá ser de 20%, para dar maior segurança hídrica ao sistema.

A Sabesp afirma que o objetivo da proposta era "ampliar o conforto para a população", reduzindo o período de racionamento de água por meio da redução da pressão na rede. Desde o dia 18 de dezembro, após um aumento na exploração do Cantareira de 13,5 mil l/s para 15 mil l/s, a empresa já reduziu praticamente pela metade o tempo de corte no fornecimento de água na região atendida pelo manancial. Agora, a companhia afirma que vai fazer estudos técnicos para avaliar o efeito da decisão da ANA e do DAEE na "retomada da normalidade do abastecimento de água".

Para Pedro Côrtes, o aumento de 30% na exploração do sistema "é prematuro". "Ainda estamos longe da normalidade em relação do nível do sistema. O ideal é que estivéssemos com 40% nesta época do ano e não 5%. Há perspectiva de que o volume de chuvas diminua, e isso vai retardar a recuperação do sistema", afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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