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Eventual candidatura de Tasso Jereissati abala coalizão

Os aliados avaliam que Tasso, presidente interino do PSDB, avançou o sinal ao promover uma reunião para discutir uma possível candidatura

Tasso Jereissati: após a reunião, Alckmin "lançou" Tasso ao dizer publicamente que ele e Fernando Henrique Cardoso "são os grandes nomes" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Tasso Jereissati: após a reunião, Alckmin "lançou" Tasso ao dizer publicamente que ele e Fernando Henrique Cardoso "são os grandes nomes" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de maio de 2017 às 09h15.

Última atualização em 30 de maio de 2017 às 13h53.

São Paulo - A articulação do PSDB para lançar a candidatura do senador Tasso Jereissati (CE) à Presidência da República na hipótese de uma eleição indireta causou mal-estar com o DEM, irritou o PMDB e já é questionada até por tucanos.

Os aliados avaliam que Tasso, presidente interino da sigla, avançou o sinal ao promover na terça-feira passada, dia 23, em São Paulo, uma reunião com o governador Geraldo Alckmin, o prefeito João Doria e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - todos correligionários - para discutir o assunto.

No dia seguinte ao encontro, que ocorreu no apartamento do ex-presidente em São Paulo, Alckmin "lançou" Tasso ao dizer publicamente que ele e Fernando Henrique Cardoso "são os grandes nomes" em uma eleição indireta no caso de interrupção do mandato de Michel Temer. A iniciativa foi mal recebida no Congresso.

O presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), telefonou ontem para Tasso e pediu para que eles fizessem um esforço conjunto para um entendimento entre os dois partidos.

Ouviu como resposta de Tasso que ele não seria candidato. Ambos reafirmaram que atuarão juntos na crise e tentarão encontrar um nome de consenso da base aliada para a eventualidade de queda do presidente, seja por renúncia ou cassação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

PEC

Em outra frente, deputados do PMDB leais ao Palácio do Planalto ameaçam até adotar a bandeira das "diretas" na bancada se os tucanos não recuarem do movimento de lançar Tasso à Presidência.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para que a escolha de um eventual sucessor de Temer ocorra por meio de eleições diretas é defendida pelos partidos de oposição.

Governistas avaliam que os tucanos articulam abertamente o pós-Temer, o que enfraquece a posição do presidente diante da opinião pública. "Não deixa de ser uma opção apoiar as diretas, mas prefiro acreditar que o PSDB não está fazendo articulação de nome para a eleição indireta. Eu e a velhinha de Taubaté acreditamos nisso", disse à reportagem o deputado Carlos Marun (PMDB-MS).

Ele também afirmou que outra hipótese é o PMDB lançar um candidato próprio se o PSDB insistir em se movimentar sozinho. Para Marun, que integra a tropa de choque de Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), "ganhou pontos" com a base em caso de eleição indireta por estar sendo leal ao presidente. "Maia tem mantido uma postura de absoluta lealdade. Além de ser muito discreto, tem promovido ações positivas."

Interno

O nome de Tasso como candidato ao "mandato-tampão", caso ocorra uma eleição indireta, também está sendo questionado dentro PSDB. Parte da bancada na Câmara e líderes regionais do partido insistem em defender a candidatura de Fernando Henrique Cardoso. O ex-presidente, porém, rejeita a ideia.

Outra ala tucana avalia que o partido não tem força para impor um nome ao Colégio Eleitoral, que é formado por deputados e senadores. "O PSDB tem 10% do Colégio Eleitoral. Ou seja: a chance é pequena. O mais aconselhável é liderar as reformas e se preparar para a eleição de 2018", disse o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB.

Reservadamente, deputados tucanos dizem que Tasso deve ser lançado à Presidência apenas para marcar posição. Eles lembram que na eleição direta os votos da Câmara, com 513 deputados, serão majoritários no Colégio Eleitoral. A bancada do PSDB na Câmara se reúne com Tasso nesta semana para discutir o assunto. Parte dos deputados ainda insiste que o partido entregue os cargos no governo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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