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Candidata de oposição ao Senado diz que impeachment "não tende a prosperar"

Simone Tebet (MDB-MS), que concorre contra Rodrigo Pacheco (DEM-MG) à presidência do Senado, também defendeu o teto de gastos, mas não descarta crédito extraordinário para renovar auxílio emergencial

Simone Tebet (MDB-MS): "Ou unimos forças agora e resolvemos a questão da vacinação e depois discutimos responsabilidades ou vamos morrer abraçados" (Rodrigues/Agência Senado)

Simone Tebet (MDB-MS): "Ou unimos forças agora e resolvemos a questão da vacinação e depois discutimos responsabilidades ou vamos morrer abraçados" (Rodrigues/Agência Senado)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de janeiro de 2021 às 07h27.

Última atualização em 25 de janeiro de 2021 às 07h30.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), candidata à presidência do Senado, avalia que não há clima político para um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Apesar da "apreensão" nas ruas com o atraso na vacinação contra a covid-19 a parlamentar não vê hoje ambiente para o Congresso afastar o chefe do Executivo.

"Neste momento, o impeachment não tende a prosperar", afirmou a parlamentar, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Para a senadora do MDB, o auxílio emergencial precisa ser discutido com urgência. Ela lançou, porém, a responsabilidade para o governo federal.

Em uma tentativa de se contrapor ao adversário e candidato do Palácio do Planalto, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que não se pode mexer no teto de gastos. Admitiu, porém, uma nova rodada do auxílio emergencial por crédito extraordinário, que fica fora da limitação. Confira os principais trechos da entrevista:

A senhora vê pessimismo nos rumos da crise da covid-19?

Há pessimismo porque não é a vacina que está dando o tom no Brasil, é a doença. Não temos um cronograma claro de vacinação que possa apontar quando retomar a atividade econômica sem ameaça de lockdown. Enquanto a mola-mestre for a doença, e não a vacina, o clima vai ser de apreensão. Isso se reflete nas ruas, na irritação, na angústia e em alguns casos no desespero, como em Manaus.

A permanência do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no cargo ficou insustentável?

Nessa última semana, houve uma mudança de 180º na postura do Ministério da Saúde. Vamos acompanhar os próximos dias. O Congresso pode convidar o ministro para falar, e é até saudável que o faça. É muito importante separar esse momento de qualquer outro. Temos um inimigo comum. Ou unimos forças agora e resolvemos a questão da vacinação e depois discutimos responsabilidades ou vamos morrer abraçados. É hora de uma bandeira branca da paz.

A demora da vacina impõe a retomada do auxílio emergencial?

É imprescindível, no dia 1º de fevereiro, começar a discussão sobre a continuidade do auxílio emergencial com o governo federal. Não pode ser 60 nem 30 milhões de brasileiros, o cadastro tem que ser filtrado com os números que nós não temos. O governo federal tem que entrar nessa discussão. Esse auxílio tem que vir nos limites fiscais. Não podemos dar agora um analgésico e depois matar o paciente de fome porque faltou dinheiro para tudo. Desta vez, o Congresso vai ter de acompanhar a decisão política e econômica do governo federal em relação ao valor e ao tempo do auxílio. Apesar de difícil, é possível ter um espaço fiscal.

A equipe econômica e o mercado resistem a um crédito extraordinário, fora do teto de gastos, para o auxílio. É possível?

Se for a única saída, terá que ser por medida provisória criando um crédito. Mas pode haver uma alternativa a ser apresentada pelo próprio governo em um possível corte em gasto tributário ou alguma gordura, abrir mão de iniciar algum grande investimento.

A crise aumentou a pressão por um processo de impeachment. Vê base para isso?

Um processo de impeachment, antes de ser jurídico, de haver ou não crime de responsabilidade, é um processo político. Não existe impeachment no Brasil sem rua, manifestação popular e vontade da população. A maioria da população, talvez pela preocupação com o sistema de saúde e atraso de vacinação, é contra. Não analisei juridicamente os pedidos. Neste momento, o impeachment não tende a prosperar. Qualquer análise de possível crime eu deixo para o Ministério Público e o Judiciário em uma discussão sobre crime comum.

A senhora quer deixar o presidente tranquilo em relação ao impeachment ao prometer uma relação harmônica?

Eu não mudei de lado. Eu continuo sendo uma senadora independente. Essa harmonia depende da independência. Qualquer ingerência do Executivo em candidaturas fere a independência e não é boa para a democracia. Eu não preciso tranquilizar o governo porque eu votei mais a favor do governo do que o próprio candidato do governo. Tenho uma pauta econômica muito próxima da pauta liberal do governo federal.

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