Eduardo Campos: governador de Pernambuco mirou os problemas políticos em sua apresentação, aplaudida timidamente ao final (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2014 às 15h53.
São Paulo - O governador de Pernambuco e futuro candidato à Presidência nas eleições deste ano, Eduardo Campos (PSB), reforçou suas críticas a um suposto descolamento entre o que chama de "Brasil real" e o Brasil artificial.
Para uma plateia de aproximadamente 200 pessoas, Campos falou com postura de candidato, com direito a apresentação dos eixos que PSB e Rede chamam de "diretrizes para um novo ciclo" e a exibição, em um dos slides, de foto em que segura no alto a mão da ex-senadora Marina Silva, que deve ser a vice na chapa de Campos ao Palácio do Planalto.
Nas urnas, disse Campos, a população irá derrubar o resto do muro que ainda separa o Brasil real daquele de Brasília.
Apesar da reiterar o que já vem dizendo sobre os problemas do país, Campos adotou um tom mais ameno para falar sobre a economia na manhã desta terça-feira, 18.
Ele discursou após a primeira leva de palestras, que contou com Nobel de economia, Paul Krugman. Na parte da manhã do evento Diálogos Capitais, Krugman afirmou que o Brasil saiu da crise mundial muito bem e não se justificam preocupações com sua economia.
Campos, que assistiu apenas ao final da apresentação da manhã, que contou também com o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, disse na sequência que o "Brasil já teve situações de fundamentos macroeconômicos muito mais instáveis do que hoje" e que os problemas "podem ser resolvidos".
O governador de Pernambuco mirou os problemas políticos em sua apresentação, aplaudida timidamente ao final. "Muitas vezes o governo passa a impressão de que não gosta de ouvir. Ouvir é questão de talento também", disse.
O pernambucano afirmou que a população não quer "ouvir o 'embromation", mas "a verdade", e mencionou os problemas no setor de energia. "Todo mundo sabe que tem problema no setor elétrico. Não dá para colocar o problema debaixo do tapete, senão o tapete fica com três metros", disse.
Em um momento em que o governo enfrenta um estremecimento com o principal partido da base aliada, o PMDB, Campos disse ainda que o problema do País é a "natureza da aliança política de hoje", que, segundo ele, impede um debate estratégico. "Precisamos de debate que vá além da barganha, do jogo pequeno", completou.
Ele voltou a dizer que a sociedade deixou claro, com as manifestações de junho, que há "uma crise de representação" e sensação de que o País parou de melhorar. "O pacto federativo está adoecido", disse o pernambucano. "Há em Brasília 12 mil funcionários públicos carimbando convênio. O debate do pacto federativo é central no debate do futuro."
Em tom de campanha, Campos afirmou, já ao fim do discurso, que, a partir do debate - feito entre PSB e Rede com participação da sociedade, segundo o governador - é possível "concluir uma plataforma que preserve as conquistas dos últimos anos e sobretudo garanta novas conquistas".
"O povo brasileiro quer mudança no padrão político do Brasil, mas também está em busca desse novo querer, dessa nova pauta", disse, comparando o momento atual, como tem feito, a períodos importantes da história do Brasil, como a redemocratização, o impeachment de Fernando Collor, a estabilização econômica durante o Plano Real e a inclusão social na gestão Lula. Ao final de sua exposição, parte da plateia do evento, que foi aberto ao público e contava tanto com estudantes como economistas, ao fundo comentava: "preferíamos a Marina".