Eduardo Campos: é o primeiro ataque direto do líder do PSB a Fernando Henrique, em meio às tentativas de Aécio Neves de se aproximar de Campos (Raul Buarque/SEI)
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2014 às 17h35.
Itapissuma - Ao justificar nesta terça-feira, 11, suas críticas à presidente Dilma Rousseff, o governador de Pernambuco e possível candidato à Presidência da República, Eduardo Campos (PSB), comparou a situação do atual governo com a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, segundo ele, deixou a crise econômica "explodir" em seu segundo mandato.
"Não dá para botar tudo isso debaixo do tapete, como se fez durante o Plano Cruzado (governo Sarney) e depois ver o pipoco em cima do povo; como se fez no final do primeiro governo Fernando Henrique e quando passou a reeleição explodiu o problema", avaliou ao defender um amplo debate para enfrentar os desafios do país.
Campos fez referência à desvalorização do real no segundo mandato de Fernando Henrique, que agravou a situação econômica do país na época.
É o primeiro ataque direto do líder do PSB a Fernando Henrique, em meio às tentativas de Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e provável candidato à Presidência, de se aproximar do governador de Pernambuco.
Na entrevista, depois da inauguração de uma fábrica da Ambev no município metropolitano de Itapissuma, ele explicou ainda porque passou a citar nominalmente a presidente nas críticas ao governo federal diante dos riscos que o país enfrenta.
"Não se trata de falar da pessoa da presidenta, a quem tenho respeito e em quem votei", observou. "Não é ataque. Mas tenho direito democrático de afirmar minha divergência com a condução do país", afirmou.
Para Campos, a forma de preservar as conquistas dos últimos governos - Itamar Franco, Fernando Henrique e Lula - é "falar a verdade". E voltou a pregar um debate com todas as forças políticas para discutir os rumos do país. Mas frisou que "ninguém é dono da verdade e ninguém aqui está com fórmulas mágicas para apresentar".
"O que nós sabemos é que desse jeito não dá, tem de ser de um outro jeito", disse ao avaliar que o país, que havia voltado a crescer, distribuir e desconcentrar renda, reduziu o ritmo de crescimento e passou a conviver com a inflação, com a volta dos juros e tem problemas no balanço de pagamentos. "Tivemos um déficit só de produtos industrializados de mais de R$ 100 bilhões", afirmou ele.