Nunes porém tem vários desafios para garantir seu posto na disputa: reduzir o voto volátil, garantir que seu eleitorado de baixa renda compareça nas urnas e o conhecimento de seu número nas urnas (Campanha Ricardo Nunes/Divulgação)
Repórter
Publicado em 2 de outubro de 2024 às 11h51.
Última atualização em 2 de outubro de 2024 às 11h57.
De olho no voto dos indecisos e em minar um possível crescimento de seu adversário Pablo Marçal (PRTB) junto ao eleitorado mais conservador, o atual prefeito de São Paulo e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) investe na intensificação da campanha nas ruas, no voto útil e na parceria com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para despontar no cenário eleitoral apertado desta reta final.
Segundo o agregador de pesquisas eleitorais EXAME/IDEIA, Nunes tem 25% das intenções de voto na capital paulista junto com o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que também registra 25%, e pelo influenciador e ex-coach PRTB, que marca 24%.
Os dados apontam para um cenário muito disputado. O prefeito e o deputado federal lideram, mas Marçal segue como uma ameaça a essa dinâmica: após uma queda nas últimas semanas, o ex-coach parece se recuperar a poucos dias do pleito.
O crescimento do influenciador é um alerta principalmente para a campanha de Nunes que, como Marçal, disputa os votos dos eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao longo da campanha, porém, essa fatia da população recebeu sinais trocados sobre quem era de fato o candidato "bolsonarista", com Nunes e Marçal disputando o apadrinhamento.
Até a véspera do horário eleitoral, o candidato à reeleição caiu e se descolou do primeiro pelotão. Mas se recuperou logo nas primeiras pesquisas após a propaganda na TV e no rádio que domina com o maior tempo, mesmo com a figura de Bolsonaro mais ausente. Sua campanha atribui a recuperação das últimas semanas à capacidade do chefe do Executivo municipal em comunicar suas obras e à presença de Tarcísio na campanha.
Em paralelo a esse movimento, Marçal foi se tornando um dos candidatos mais rejeitados. E agora, a quatro dias do primeiro turno, a campanha de Nunes quer usar a rejeição do oponente ao seu favor para convencer os eleitores a darem um "voto útil" no atual prefeito.
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"Marçal perde para Boulos no segundo turno. Então votar no Marçal é entregar a eleição para Boulos", diz um membro do QG do prefeito. "Vamos continuar com o nosso foco de falar da cidade, o que ele (Ricardo Nunes) fez, fará e é isso que é importante e vamos continuar fazendo. Não vamos mudar nossa posição. Vamos continuar falando da cidade, do voto útil e da parceria com o governador. A maior parte dos eleitores quer um candidato sereno e que conheça a cidade, e o Ricardo é isso."
Nesses últimos dias, o prefeito vem focando seus compromissos em caminhadas em bairros periféricos e no corpo a corpo nas ruas.
A aposta de capturar os eleitores indecisos, que segundo a pesquisa Quaest desta segunda, 30, soma 45%, passa pela análise de que esses votos decididos em cima da hora têm mais chances de serem destinados aos candidatos com menor rejeição. "E para angariar esse voto é preciso fazer campanha de rua", afirma um aliado do prefeito.
O candidato à reeleição é um dos menos citados pelos eleitores como a opção que eles não escolheriam de jeito nenhum, argumenta a sua equipe.
Ao mesmo tempo, as pesquisas mostram que o prefeito ainda precisa convencer quem aponta que votará nele. Os levantamentos mostram que Nunes tem o voto mais volátil. A Quaest, por exemplo, indica que 35% daqueles que declaram o voto no prefeito podem mudar de voto, acima dos 22% e 29% que dizem o mesmo sobre os adversários do PSOL e do PRTB, respectivamente.
Um desafio paradoxal para o emedebista está na composição de seus eleitores. Na Datafolha, por exemplo, Nunes tem 32% de intenções de voto entre eleitores até dois salários mínimos — um trunfo, dado que esse grupo é o mais buscado por todas as campanhas. Boulos tem 21% e Marçal, 15%, para efeito de comparação.
Apesar disso, esse é o público que historicamente tender a ter a menor taxa de comparecimento nas urnas. Em uma disputa apertada como a atual, essa abstenção pode custar caro ao candidato à reeleição. A estratégia, naturalmente, é convencer esse eleitor a votar no dia 6 de outubro.
Nesse aspecto, a campanha acredita que a tarifa zero para os ônibus no dia da eleição possa atenuar esse risco de ausência.
Como em outras campanhas, garantir que o eleitor sabe o número correto dos candidatos também está entre as principais preocupações da campanha de Nunes. O candidato do MDB usará o número 15, menos conhecido historicamente na cidade de São Paulo, dominada por candidatos de PSDB e PT, que têm outros números.
O Datafolha, por exemplo, mostrou que 48% sabem a combinação que devem votar para eleger Nunes, enquanto Boulos e Marçal têm uma taxa de conhecimento de 61%.
Aliados do prefeito criam expectativas, contudo, em cima de outro dado do instituto. "Nunes é o segundo voto de todos os candidatos", diz um membro da equipe. Pela pesquisa do último dia 26 de setembro, o emedebista é o candidato que lidera como segunda opção de voto, com 24%. Um crescimento de quatro pontos percentuais sobre os 20% registrados na semana anterior.