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Campanha de Nunes busca votos 'até o último minuto' e aposta em rejeição a Boulos para vitória

Na reta final, interlocutores evitam clima de "já ganhou" e "somam" campanha com agendas com Bolsonaro, prefeitos da Grande São Paulo e entregas

O objetivo nesta reta final é buscar, sobretudo, o voto do eleitorado das "franjas" da capital paulista e dos eleitores de Marçal (Campanha Ricardo Nunes/Divulgação)

O objetivo nesta reta final é buscar, sobretudo, o voto do eleitorado das "franjas" da capital paulista e dos eleitores de Marçal (Campanha Ricardo Nunes/Divulgação)

Publicado em 23 de outubro de 2024 às 15h37.

Última atualização em 24 de outubro de 2024 às 14h21.

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Num clima muito diferente da reta final do primeiro turno da eleição para prefeito de São Paulo, os últimos dias da campanha de Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição na capital paulista, têm sido focados em administrar a vantagem que o atual prefeito mostra ter sobre o seu adversário na disputa, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), de acordo com as pesquisas eleitorais.

Os levantamentos mais recentes, do Real Time Big Data, da Futura Inteligência e do Paraná Pesquisas, divulgados entre esta terça-feira e quarta, 22 e 23 de outubro, apontam Nunes na liderança com uma diferença significativa em relação a Boulos.

Membros do QG do emedebista evitam, contudo, o clima de "já ganhou" e apostam, segundo eles, em trabalho e na busca de voto até o "último minuto" da disputa, neste domingo, 27. Interlocutores também minimizam a possibilidade de virada de Boulos por causa da rejeição ao psolista, apontada em 56% na pesquisa Datafolha de 17 de outubro.

"O que estamos fazendo é trabalhar. Ninguém ganha e ninguém perde a eleição antes do tempo. Por isso que a palavra de ordem é trabalhar, até domingo, às 17h, ninguém ganhou a eleição. E vamos administrando essa vantagem", disse à EXAME um dos aliados do prefeito.

Pelos próximos quatro dias, a campanha de Nunes se divide em três frentes. A primeira foca na agenda do prefeito, que participará de atos com outros líderes políticos, de entrevistas à imprensa e do debate da TV Globo nesta sexta-feira, 27.

Em outra frente, interlocutores destacam a mobilização da militância com a campanha corpo a corpo nas ruas. A última dianteira é com a agenda do próprio governo, sem a presença de Nunes, para a inauguração de obras e iniciativas da gestão.

O voto nas "franjas" e de eleitores de Marçal

O objetivo nesta reta final é buscar, sobretudo, o voto do eleitorado das "franjas" da capital paulista. A articulação depende dos prefeitos da Região Metropolitana de São Paulo, recrutados pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), principal cabo eleitoral de Nunes, logo após a vitória do candidato à reeleição e Boulos no primeiro turno.

Ao todo, 35 dos 39 prefeitos de cidades da Grande SP estão apoiado a reeleição do munícipe da capital, inclusive visualmente, com carros de som e materiais gráficos pelas ruas. Além das áreas mais periféricas, os prefeitos do ABC têm sido fundamental na campanha, segundo o aliado, para atrair os votos de eleitores de Pablo Marçal (PRTB) na zona Leste, onde o influenciador concentrou mais eleitores em bairros como Tatuapé, Carrão, Vila Formosa, Penha, entre outros na região.

Embora tenham descartado a presença de Marçal no palanque do prefeito que, no primeiro turno, ameaçou a vaga de Nunes por atrair também o eleitorado mais à direita, membros da campanha acreditam que os acenos mais conservadores e apoio na região são suficientes para capturar esses votos.

Aliados negam 'pé atrás' com Bolsonaro

Nesse sentido, soma-se ainda a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nesta terça, Bolsonaro participou de um almoço com Nunes, Tarcísio e aliados, organizado pela Confraria de Amigos do Vinho Eduardo Saddi (Caves), grupo formado por empresários, socialites, militares de alta patente, juristas e políticos de São Paulo.

Durante o encontro, o ex-presidente pediu votos para o atual prefeito e destacou que a "campanha é de Nunes", assim como uma eventual vitória do candidato à reeleição. Bolsonaro também participou de um podcast com o aliado e encerrou a agenda com um culto em um bairro da zona sul.

A agenda foi vista como "positiva" por membros do QG de Nunes, que negaram ressentimentos pela ausência de Bolsonaro no primeiro turno e os acenos trocados do ex-presidente a Marçal, quando esse aparecia à frente nas pesquisas.

"Eleição é uma arte de somar, e isso tudo vai se somando. O apoio dos partidos, do presidente, do governador, a aprovação do governo. No primeiro turno, [Bolsonaro] tinha uma eleição no Brasil inteiro de cinco mil municípios e no segundo turno tem uma eleição muito menor. Não tem rancor, nem pé atrás [com ele]. O que tem é vontade de ganhar a eleição", minimiza um aliado.

A virada do tempo

Ainda que o cenário atual não seja como o do primeiro turno para Nunes, o prefeito também tem como obstáculo o risco de uma virada — nesse caso, do tempo.

A capital paulista deve ter pancadas de chuva ao longo desta quarta e está em alerta para riscos de alagamentos e queda de árvores também na quinta, 24, quando ventos podem se intensificar, com rajadas frequentes de 40 a 60 quilômetros por hora, segundo a empresa de meteorologia Climatempo. O que aumenta o risco de queda de árvores que, há duas semanas, também influenciaram no apagão que deixou mais de 2,1 milhões de imóveis sem luz pela cidade.

A falta de energia afetou principalmente a zona Sul, onde Nunes concentrou mais votos, um total de 626 mil. A campanha afirma estar preparada com todas as equipes em alerta e nega avistar prejuízos eleitorais na região.

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