Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 27 de abril de 2024 às 06h03.
Última atualização em 27 de abril de 2024 às 10h34.
A aposta da pré-campanha do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) para levá-lo à reeleição se resume em duas palavras e um nome: obras, articulação e Tarcísio de Freitas.
A equipe do emedebista acredita que as entregas de Nunes pela cidade — são mais de 1300 em andamento, e 95% delas na periferia — serão determinantes para a vitória do atual prefeito em outubro.
"Estamos em pré-campanha, mas Nunes está "prefeitando", realizando entregas importantes para a cidade. E isso que vamos explorar quando chegar na hora da campanha", diz um membro do QG à EXAME.
E a coalizão de 10 partidos, que pode chegar em 13 com o embarque de PSDB, Cidadania e União Brasil, dará apoio e tempo de TV suficiente para Nunes apresentar suas propostas. É estimado pelo QG que o atual prefeito tenha algo em torno de 65% do espaço de propaganda eleitoral obrigatória, mais de seis minutos de um total de dez minutos para todos os candidatos.
"Estamos mostrando para os partidos que essa parceria de figuras de centro e de direita é fundamental para a viabilidade de uma candidatura forte em 2026", afirma.
Essa articulação também é apontada por membros do QG como um antídoto para a polarização que se avizinha na disputa. "O prefeito é um cara que recebe vereadores de 'A a Z'. Dialoga e conversa com partidos que hoje estão com o outro candidato", diz um aliado, reservadamente. "Não tem como colar nele a imagem de extremista, como o seu adversário é."
Sobre a atuação do governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na campanha, os aliados do emedebista apontam que será "fundamental". Hoje, Tarcísio goza de uma aprovação de quase 60% segundo as últimas pesquisas de opinião divulgadas. Na cidade de São Paulo, a avaliação do governador "boa" e "regular" 03é de 70% — a de "boa" é de 33%. Daí, a ideia de se colar à imagem dele.
A pré-campanha se mostra otimista com o desempenho do prefeito. A visão é a de que Nunes já se tornou conhecido o suficiente pelas entregas que tem feito pela cidade e tem subido nas últimas pesquisas, tanto em intenção de voto quanto em avaliação de governo.
Apesar disso, a pré-campanha vê as zonas oeste, norte e o centro expandido, onde o deputado federal Guilherme Boulos, seu principal adversário na disputa, se sai melhor, como pontos de atenção.
A avaliação é de que essas áreas são mais críticas à atual gestão. Membros da campanha pontuam que, por ser o incumbente, essa visibilidade seria natural. "Temos a visibilidade e cobrança de gente grande. Por isso temos que fazer entregas de gente grande", afirma um membro da campanha sobre as regiões de atenção da campanha.
A expectativa para os próximos meses do QG emedebista é que as porcentagens apresentadas nas últimas pesquisas pouco se alterem, com Nunes e Boulos na casa dos 30%.
"Mesmo que as campanhas errem muito, o cenário não deve mudar muito. A expectativa é terminar o primeiro turno na frente do Boulos", diz. "Depois vamos ver o segundo turno, mas sabemos que dificilmente a diferença do vencedor será como foi em 2020, quando o Bruno Covas conseguiu 60%."
Questionados sobre o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro a Nunes, membros da campanha são mais diretos do que o atual prefeito, que evita detalhar como Bolsonaro participará — e se participará — da campanha.
"Bolsonaro tem sua força e importância política. O diálogo entre o prefeito e ele é bem sincero e direto. Ele vai participar da campanha da forma que quiser, até porque sabemos que é uma figura não persuadível", afirma.
Segundo o último Datafolha, um candidato apoiado pelo ex-presidente é rejeitado por 62% da população da cidade. Na última eleição presidencial, Bolsonaro obteve 3.191.484 votos, o que representa 46,46% dos votos válidos.
O diálogo "sincero e direto" também vai nortear caso o apoio seja tóxico para a campanha, garantem aliados de Nunes.
"Nunca vamos falar o que o Bolsonaro tem ou não o que fazer. Mas vamos mostrar 'presidente, temos pesquisas que mostram que determinado cenário é melhor'. Ele é um político experiente, sabe exatamente o que precisa fazer para ter essa 'vitória' em São Paulo", diz.