Publicado em 23 de outubro de 2024 às 17h14.
A Caixa aceitou a proposta da Gaviões da Fiel, torcida organizada do Corinthians, para a arrecadação de doações visando à quitação da dívida da Neo Química Arena, estádio do clube, que é de R$ 710 milhões. A informação foi divulgada inicialmente pela Folha de S. Paulo e confirmada pela EXAME.
Segundo fontes ouvidas pela EXAME, a previsão é que a campanha de arrecadação seja iniciada pela torcida organizada no início de novembro, com a disponibilização de uma chave Pix de conta de destinação única. Os valores vão abater diretamente a dívida do estádio, e a conta será encerrada quando o objetivo for concluído.
O plano considera doações de R$ 15 a R$ 20, em um período de três a seis meses. A conta considera pagamentos mensais de 10 milhões do total de 35 milhões que declaram torcida para o clube paulista.
Caso o valor da doação seja de R$ 15 por torcedor, em até cinco meses a dívida do estádio será quitada. Se o valor for de R$ 20, a dívida será quitada em até quatro meses.
Além do plano de quitação com doações de torcedores, a Caixa discute com o clube formas de explorar comercialmente o estádio para gerar mais recursos.
Na última semana, o banco, o clube e a Gaviões assinaram um Protocolo de Intenções sobre a dívida contraída pela Arena Itaquera S.A. junto ao banco.
A assinatura do protocolo contou com a presença do ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Alexandre Padilha; do presidente da Caixa, Carlos Vieira; e da diretoria do Corinthians e da Gaviões da Fiel.
Inicialmente, o Corinthians fechou um financiamento de R$ 400 milhões em 2013 para a construção do estádio. A operação ocorreu por meio do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Social) e foi intermediada pela Caixa, dentro do programa ProCopa Arenas, com condições especiais devido ao Mundial de 2014.
As conversas para a quitação da Neo Química Arena começaram ainda na gestão Duílio Monteiro. Andrés Sanchez, figura forte na política do clube, intermediou as negociações para o pagamento da dívida com o banco e seguiu em busca de um funding internacional para quitar o valor. O acordo não avançou, pois a Caixa teria que abrir mão de garantias para aceitar a proposta.
A atual gestão, liderada por Augusto Melo, também tem estratégias para agilizar o processo de quitação da dívida. A ideia apresentada pela diretoria é vender parte do estádio através de cotas de um fundo imobiliário para torcedores e investidores. O plano é inspirado no Bayern de Munique, clube alemão, que vendeu 30% do estádio em forma de cotas.
Após atrasos no pagamento, o Corinthians renegociou a dívida e está pagando parcelas trimestrais apenas dos juros do financiamento neste ano, que devem totalizar R$ 80 milhões. Desde o início do pagamento dos juros, o clube paulista já repassou mais de R$ 200 milhões ao banco.
Segundo informações do clube, o montante é corrigido anualmente pelo CDI (que acompanha a taxa Selic) mais 2%.
O valor principal da dívida começará a ser pago em 2025. Segundo balanço apresentado em setembro, a dívida atual é de R$ 710 milhões.