Marina e Dilma: para o PT, é mais difícil criticar alguém que já foi do partido e tem uma história de militância na área ambiental reconhecida (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2014 às 09h25.
Brasília - O comando da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff decidiu intensificar a "guerrilha virtual" contra a candidata do PSB ao Planalto, Marina Silva, principal adversária do PT até agora.
Em reunião nesta segunda-feira, 01, entre a equipe responsável pelas redes sociais de Dilma e coordenadores de comunicação de partidos aliados nos estados ficou acertado que é preciso acelerar a desconstrução de Marina como boa gerente e explicitar as suas "contradições".
"A Marina já é uma contradição em si. Ela vai e volta, avança e recua. Está mais para errática do que para sonhática", diz o vice-presidente do PT e responsável pelas redes sociais da legenda, Alberto Cantalice.
O problema é que nem PT nem aliados encontraram uma fórmula para atacar Marina. No encontro de ontem, coordenado por representantes das agências Pepper e Polis - que cuidam da comunicação da campanha de Dilma -, a avaliação foi de que a ex-ministra parece uma candidata "teflon", já que nada de negativo gruda nela.
Além disso, Marina também foi considerada uma adversária "mais sofisticada" do que o tucano Aécio Neves. Motivo: para o PT, é mais difícil criticar alguém que já foi do partido e tem uma história de militância na área ambiental reconhecida.
Numa tentativa de reação, ministros e dirigentes petistas já começaram a espalhar que, quando Marina era titular do Meio Ambiente do Luiz Inácio Lula da Silva (2003 a 2008), o desmatamento ainda estava muito alto: 18 mil km². O patamar caiu para menos da metade (7 mil) quando Carlos Minc assumiu a pasta, em 2008. A média de desmatamento do governo Dilma, hoje, está em 5.560.
O comitê da reeleição baterá na tecla de que Marina representa uma candidatura da elite, como Aécio. A estratégia tem o objetivo de criar uma vacina aos resultados de pesquisas em poder do Planalto, segundo as quais ela é vista como "candidata simples", "mulher do povo" e "gente como a gente". Os atributos preocupam o PT porque sempre foram associados a Lula, fiador de Dilma.
"Neoliberal"
A ordem é partir para o confronto com Marina, mostrando que o programa de governo do PSB traz um receituário econômico "tucano e neoliberal", que, no passado, provocou desemprego e recessão.
Em entrevistas e nas redes sociais haverá destaque para o fato de que Marina tem Neca Setubal, herdeira do banco Itaú, como coordenadora de sua plataforma, e o economista André Lara Resende, um dos formuladores do Plano Real, entre seus principais colaboradores.
O PT também insistirá em que a autonomia do Banco Central defendida pela adversária resultará no aumento da taxa de juros.
A campanha de Dilma considera necessário reforçar o trabalho nas redes sociais por avaliar que a equipe de Marina é mais ativa na internet do que a de Aécio.
O encontro de ontem foi o primeiro passo para engajar as candidaturas de governadores, senadores e deputados no confronto virtual com Marina.
As equipes foram instruídas sobre como replicar, em suas páginas próprias, o conteúdo disparado pelo sites Muda Mais, coordenado pelo jornalista Franklin Martins; Mais Mudanças, Mais Futuro, sob a responsabilidade do marqueteiro João Santana, e pelo portal do PT.
Antes focados na comparação dos 12 anos de administração do PT com os oito anos de governo do PSDB, esses canais passaram a bombardear Marina quando ela apareceu nas pesquisas de intenção de voto "colada" em Dilma.
Nos sites há material que explora as "erratas" no programa de Marina - como o recuo sobre o causa gay - e posições assumidas no passado contra os transgênicos, cuja liberação teve apoio do seu candidato a vice, deputado Beto Albuquerque (PSB).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.