Marina Silva: dos megadoadores, quatro não fizeram doações à campanha presidencial do PSB (REUTERS/Paulo Whitaker)
Da Redação
Publicado em 8 de setembro de 2014 às 09h10.
São Paulo - A campanha presidencial do PSB - cuja candidata, Marina Silva, só recentemente se tornou favorita - recebeu, até o fim de agosto, apenas 9% das doações dos dez maiores financiadores da corrida pela Presidência.
Essas empresas apostaram alto na reeleição de Dilma Rousseff (PT), que recebeu 68% dos recursos aplicados por elas na sucessão. O tucano Aécio Neves ficou com 23%.
Esses dez maiores doadores se destacam pelo poderio financeiro: são responsáveis por quase R$ 7 de cada R$ 10 que entraram nas contas de Dilma, Marina e Aécio até agora, de acordo com a segunda prestação parcial de contas de campanha entregue pelos partidos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O levantamento, feito pelo Estadão Dados, considera as doações feitas diretamente aos candidatos e comitês financeiros e também as depositadas nas contas dos partidos.
Nesse caso, foi preciso separar os recursos repassados às campanhas presidenciais e os destinados a candidatos a outros cargos. Também foram eliminadas as duplas contagens dos recursos do mesmo doador que transitam por diferentes contas.
Dos megadoadores, quatro não fizeram doações à campanha presidencial do PSB, que vinha patinando na casa dos 10% nas pesquisas de intenção de voto até o acidente aéreo que matou o candidato Eduardo Campos, em 13 de agosto. Após o acidente, Marina assumiu a candidatura e disparou nas pesquisas. Os mais recentes levantamentos dos institutos Ibope e Datafolha a colocam como favorita para vencer Dilma num eventual segundo turno.
Todos os dez megadoadores apostaram na candidatura da atual presidente. O Grupo JBS, líder do ranking de financiadores, destinou a Dilma 65% dos recursos aplicados nas campanhas. A Construtura OAS, terceira no ranking, concentrou ainda mais suas doações na petista: 85%.
Outra empreiteira, a Andrade Gutierrez, segunda na lista dos maiores doadores, tratou PT e PSDB com mais equilíbrio: entregou 50% para Aécio e 46% para Dilma. O Grupo Odebrecht, somadas as empresas que atuam nas áreas de construção civil e petroquímica, destinou à candidata petista 73% das suas doações para as campanhas presidenciais.
Andrade Gutierrez, OAS e Odebrecht fizeram repasses baixos, em termos porcentuais, à campanha do PSB: 3,4%, 2,5% e 3%, respectivamente. BTG Pactual, UTC Engenharia, Cutrale e Construtora Triunfo (da 6.ª à 10.ª posições no ranking de financiadores) fizeram zero contribuições para Campos e Marina.
Reta final
Dificilmente o rateio de recursos se manterá tão desequilibrado até o fim da campanha, pela atual configuração da disputa. Candidatos favoritos atraem mais recursos pois a possibilidade de retorno do investimento é maior.
Até o início de agosto o PSB não mostrava chances de vitória na eleição e Dilma tinha quase tanto nas pesquisas quanto a soma dos adversários.
Mas houve exceções entre as empresas que se guiaram pelo favoritismo de Dilma nos meses iniciais da campanha. O Itaú Unibanco, por exemplo, 11.º na lista dos maiores doadores, não abriu seus cofres para a candidata petista e, ao menos até agora, investiu apenas na oposição, repartindo igualmente suas doações entre as campanhas do PSB e do PSDB.
De acordo com a segunda prestação parcial de contas dos candidatos, Dilma arrecadou no total R$ 123,6 milhões. Aécio recebeu R$ 46,5 milhões. A chapa Campos/Marina ficou com R$ 23 milhões.
Os recursos doados nos meses iniciais da campanha representam uma parcela pequena do total - muitos repasses só ocorrem na reta final, e os tesoureiros voltarão a bater às portas dos doadores no segundo turno.
O relatório final de receitas e despesas deverá ser entregue ao TSE após as eleições, até 4/11.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.