Caminhoneiros protestam: manifestações se concentram em Estados importantes para a produção agrícola do país (Valter Campanato/ Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2015 às 19h04.
São Paulo - Caminhoneiros realizam protestos em 48 pontos de rodovias federais do Brasil em onze Estados nesta segunda-feira, interrompendo pelo menos parcialmente o tráfego de cargas em 28 trechos, em uma mobilização organizada por meio de redes sociais em protesto contra a presidente Dilma Rousseff e que já começa a preocupar alguns setores exportadores.
As manifestações se concentram em Estados importantes para a produção agrícola do país: Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Santa Catarina.
O Rio Grande do Sul concentra 14 pontos de protesto, com bloqueio de tráfego em um deles.
Já no Paraná, segundo maior produtor de soja, que está na fase final de plantio, há uma interdição em oito pontos.
"Em todos essses oito locais, os veículos de passeio, ônibus e ambulâncias têm passagem liberada. Apenas veículos de carga são impedidos de transitar pelos manifestantes", disse a PRF do Paraná.
Ainda segundo a Polícia Rodoviária Federal, não há protestos neste momento em Mato Grosso, principal Estado produtor de grãos, que está transportando grandes volumes de milho e recebendo insumos para o plantio da nova safra de soja.
Não existe ainda uma avaliação abrangente sobre os problemas causados pelos bloqueios ao transporte de carga e ao fluxo de produtos exportados pelo Brasil.
Mesmo assim, as indústrias exportadoras de frango e suínos estão em alerta com o movimento iniciado nesta segunda-feira, temendo impacto para os embarques nos próximos dias.
No primeiro semestre, outra paralisação de motoristas gerou prejuízos de mais de 700 milhões de reais para as indústrias, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
"Agora é mais sério. Alguns mercados compradores, como Rússia e Leste Europeu, estão exigindo que tudo seja carregado até 20 de novembro ou no máximo até o fim do mês", disse à Reuters o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra, lembrando que os portos do Hemisfério Norte ficam fechados pelo gelo em meses como janeiro e fevereiro.
As associações tradicionais de representação dos caminhoneiros, como a União Nacional dos Caminhoneiros e o Movimento União Brasil Caminhoneiro, não participam do movimento.
Um dos grupos organizadores da paralisação, o Comando Nacional do Transporte, que se organiza por redes sociais, disse que deseja a renúncia da presidente Dilma, na esteira do aumento dos custos de combustíveis e energia e com a recessão econômica.
O governo federal avalia que a greve dos caminhoneiros é "pontual" e tem como único objetivo gerar desgaste político, disse nesta segunda-feira o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva.
"Se tivermos uma pauta de reivindicações, o governo sempre está aberto ao diálogo, mas é uma greve que se caracteriza com o único objetivo de gerar desgaste ao governo", disse, afirmando entender que é uma manifestação que atinge "pontualmente" algumas regiões do país.
No início de março, Dilma sancionou sem vetos a Lei dos Caminhoneiros, que alivia pagamento de pedágio, perdoa multas e promete ampliar pontos de paradas para descanso, após greve de caminhoneiros em fevereiro que bloqueou estradas pelo país.