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Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2014 às 17h29.
Famílias e defensores dos direitos das crianças e dos adolescentes fizeram uma caminhada hoje (25) na Praia de Copacabana, no Rio, com o objetivo de incentivar a adoção e cobrar agilidade no processo. A prática é uma forma de garantir a crianças que estão em abrigos ou em situação de risco social o direito à convivência familiar e comunitária. O Brasil tem cerca de 40 mil meninos e meninas à espera de um novo lar, segundo os ativistas.
A presidenta da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção, Barbara Toledo, explica que antes de decidir adotar, as famílias devem se informar sobre o processo legal, feito pela Justiça. “Incentivamos uma adoção segura emocionalmente para as crianças e as famílias, que a pessoa esteja preparada. A criança não pode ser devolvida de jeito nenhum”, diz.
A mãe adotiva Silvana do Monte Moreira, que participou do ato, destacou que os pais adotivos devem estar focados no bem-estar das criança. “A adoção não existe para suprir as lacunas dos pais, mas para conceder às crianças alijadas da convivência familiar, uma família”, disse. “Por mais que um abrigo possa ser bem equipado, nunca será igual a colo de pai e mãe”.
Também participou da caminhada a dona de casa Jaci de Paiva, mãe adotiva de três adolescentes, que são irmãs biológicas. Ela está na fila novamente para adotar mais uma. “Eu amo minhas filhas. A primeira adotei com 14, anos a outra com 15 anos e a última com 10 anos”, contou. “As pessoas têm que adotar crianças maiores, não adianta querer pegar só bebezinho”, recomendou.
O desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Siro Darlan, que acompanhou a caminhada, alertou para o preconceito, que leva muitos pais em potencial a idealizar os filhos e a se frustrar. “Temos que considerar que o perfil do brasileiro não é loiro de olhos azuis. Somos mulatos, morenos, negros e esse é o perfil das crianças”, disse.
O promotor do Ministério Público Estadual Sávio Bittencourt também cobrou mais agilidade da Justiça. Segundo ele, há mais pais dispostos a adotar do que crianças disponíveis no cadastro. No Rio, onde são cerca de 3,5 mil meninos e meninas em abrigos, ele considera que o processo de desvinculação das crianças em relação às famílias de origem precisa ser mais rápido.
“A lei tem como prioridade a reintegração familiar, claro. Mas há crianças que, evidentemente, não serão reintegrada e as tentativas [da Justiça] são inúteis, traumatizam as crianças”, criticou.
Para adotar uma criança, a família deve procurar a Vara da Infância e Juventude do município e se “habilitar”, com a entrega de documentos. O processa leva cerca de um ano.