Durante a passeata em Curitiba, os professores novamente tingiram de vermelho as águas do chafariz em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo do Paraná (Wilson Dias/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2015 às 16h20.
Curitiba - Os professores da rede pública estadual do Paraná fizeram hoje (5) uma nova manifestação no centro de Curitiba.
Após pouco mais de uma hora de caminhada, eles chegaram ao Centro Cívico, onde se estão as sedes do Legislativo e Executivo estadual. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), o ato reuniu cerca de 15 mil pessoas.
Eles repetiram o gesto do protesto do dia 1º, quando tingiram de vermelho as águas do chafariz em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo, em repúdio à violência policial. Em seguida depositaram flores, em um gesto simbólico de paz.
Com faixas na cabeça com a palavra "lutão", as estudantes de pedagogia, Thamires Nascimento e Milena Kulik, participaram da manifestação emapoio às reivindicações dos professores. "Não deveria ter ocorrido essa violência contra os professores. Acredito que eles estão fazendo isso pelo bem da educação pública ", avaliou Milena.
Pouco antes da caminhada, os professores desenharam no chão figuras representantando os 213 professores, segundo a prefeitura municipal, feridos durante o protesto contra a aprovação de um projeto do governo estadual (PL 252/15), alterando a o sistema de previdência social dos servidores estaduais.
Eles foram atingidos por tiros de borracha e balas de gás disparados pela polícia. Segundo o governo estadual, 20 policiais também ficaram feridos.
"Na história do estado, jamais ocorreu um acontecimento com essa violência contra educadores. Estamos aqui hoje para mostrar nossa indignação contra a postura do governo do estado", informou à Agência Brasil a secretária de Finanças do sindicato, Marlei Fernandes.
Aprovado no mesmo dia e sancionado pelo governador Beto Richa no dia 30, o projeto modifica a fonte de pagamento de mais de 30 mil previdenciários, que passarão a ser pagos pelo Fundo Previdenciário dos Servidores Estaduais.
A medida, segundo o governo, vai gerar uma economia de R$ 125 milhões aos cofres públicos. Os professores argumentam que a iniciativa compromete a saúde financeira do fundo, que terá de pagar mais do que arrecada. Por conta das divergência, os professores paralisaram as atividades há 11 dias.
A manifestação de hoje transcorreu de forma pacífica. Pouco policiais acompanharam o protesto, iniciado por volta de 9h, quando os professores começaram a se concentrar na Praça 19 de Dezembro.
Às 11h, os manifestantes iniciaram a caminhada em direção ao Centro Cívico. A maioria portava faixas e cartazes com as palavras "luto", "menos bala e mais giz".
Presente à manifestação do dia 29, a professora de artes da rede estadual há oito anos, Andreza Figueiredo, compareceu ao ato desta terça-feira com um "escudo" de papelão. Segundo ela, no "escudo" foi colocado tudo que sentiu no dia. "Infelizmente, as coisas aqui estão assim. A prioridade do governo é colocar a polícia contra os professores, mas deveria ser a educaçaõ e a saúde. Não é o que estamos vendo", lamentou.
Os professores confirmaram para hoje à tarde uma assembleia para definir o rumo da paralisação. Além da posição contra o projeto sancionado, eles reivindicam reajuste salarial de 13,1%, com pagamento retroativo à data-base de 2014, novo concurso público e melhores condições de trabalho.
O encontro deve reunir milhares de servidores e será realizado no Estádio da Vila Capanema. Por causa da greve, quase um milhão de alunos estão sem aula no estado.