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Câmbio deverá pressionar a economia, diz BNDES

Presidente do órgão diz que injeção de dólares pelo Fed pode pressionar o real e pede mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento

Luciano Coutinho, Presidente do BNDES, é cotado para integrar o governo Dilma (Marcello Casal Jr/AGÊNCIA BRASIL)

Luciano Coutinho, Presidente do BNDES, é cotado para integrar o governo Dilma (Marcello Casal Jr/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2010 às 17h17.

Rio de Janeiro - A economia deverá sofrer pressões motivadas pelos desajustes cambiais internacionais. A análise é do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.

Ele participou hoje (10) da abertura da edição especial do Fórum Nacional, Manifesto por um Brasil Desenvolvido, que ocorre na sede do banco, no centro da cidade.

“Existe um processo de relaxamento monetário nos Estados Unidos, com injeção de US$ 600 bilhões nos próximos meses, inundando o mercado mundial de liquidez. Isso tende a pressionar as moedas flutuantes, especialmente nos países onde existem a perspectiva de crescimento econômico e condições de atração de capitais. Isso exerce naturalmente pressão forte sobre o real”, afirmou.

Segundo Coutinho, a chave para o crescimento está no investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento. “A grande deficiência está na insuficiência do esforço do setor privado. O Brasil vem melhorando, mas precisa acelerar, pois os objetivos são ambiciosos. Um engajamento amplo do setor privado leva a um salto em matéria de inovação”, disse o presidente do BNDES, citando áreas estratégicas onde o país pode ter grandes vantagens competitivas, como desenvolvimento de software e biocombustíveis.

O ex-ministro do Desenvolvimento Luiz Fernando Furlan participou do fórum e também demonstrou preocupação com as divergências internacionais no câmbio, que podem afetar negativamente a economia brasileira, especialmente o segmento exportador.

“Guerra cambial é uma assunto grave, que afeta principalmente alguns segmentos de produção maciça de produtos industrializados. As commodities estão tendo uma defesa natural pelo aumento da demanda, com o crescimento do preço. No caso dos industrializados, como eletroeletrônicos, confecções e calçados, acabam sendo vitimados, porque a competição torna-se desleal”, afirmou Furlan. “No caso dos eletroeletrônicos, especialmente os eletroportáteis, a indústria brasileira tende a desaparecer”, alertou.

Perguntado se poderia participar na montagem do novo governo, Furlan afirmou que a possibilidade não estava em seus planos. “Eu considero muito prazerosa minha passagem pelo governo. Tenho muito boas lembranças e não tenho saudades. Não fui convidado e também não estou disponível”, disse.

O Fórum Nacional especial prossegue até amanhã (11), reunindo lideranças políticas e econômicas, sob a condução do ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso.

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