Doleiro Alberto Youssef (REUTERS/Rodolfo Buhrer)
Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2015 às 20h10.
São Paulo e Curitiba - Na denúncia apresentada à Justiça contra o ex-deputado Luiz Argôlo (afastado, SD-BA), preso preventivamente na Operação Lava Jato, na quinta-feira, 14, o Ministério Público Federal aponta que o ex-parlamentar usou recursos públicos para pagar visitas ao escritório do doleiro Alberto Youssef.
Entre 10 de fevereiro de 2011 e 18 de fevereiro de 2014, menos de um mês antes da prisão de Youssef pela Lava Jato, Argôlo usou R$ 55.192,42 de sua Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) para custear 93 voos a São Paulo.
De acordo com dados apresentados pela Procuradoria da República, o valor foi reembolsado pela Câmara dos Deputados.
O doleiro, um dos delatores do esquema de corrupção e propina instalado na Petrobrás e desbaratado pela força-tarefa da Lava Jato, tinha dois escritórios no bairro do Itaim Bibi, região de luxo de São Paulo.
"Neste período, o denunciado Luiz Argôlo visitou os escritórios de Alberto Youssef por ao menos 78 vezes", diz um trecho da denúncia.
"Realizado o cruzamento entre as datas das passagens aéreas de ida e retorno a São Paulo pagas com recursos públicos e as datas e horários das visitas aos escritórios, verificou-se que, em ao menos 12 oportunidades em que visitou os escritórios de Alberto Youssef, Luiz Argôlo chegou e saiu de São Paulo no mesmo dia; em outras 19 oportunidades, pernoitou em São Paulo por apenas uma noite, e em outras 9 visitas, pernoitou por mais de uma noite em São Paulo, totalizando 40 visitas que foram custeadas com recursos da Câmara dos Deputados."
Segundo a Procuradoria da República, as visitas tiveram 'finalidade exclusivamente particular e ilícita'.
O objetivo seria 'a solicitação e o recebimento de vantagens indevidas, e portanto tinham finalidades absolutamente alheias à execução do mandato parlamentar, além de obviamente ilícitas'.
Em entrevista, o procurador Paulo Roberto Galvão afirmou que Luiz Argôlo passou a ser quase sócio nos negócios ilícitos e a ter favorecimentos nos repasses do PP. O ex-deputado foi denunciado pela prática de 10 atos de corrupção e 93 atos de peculato.
Argôlo e os ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE) e André Vargas foram presos pela Polícia Federal no início de abril.
No início desta semana, a PF concluiu os inquéritos sobre a conduta dos ex-parlamentares e os indiciou pelos crimes de corrupção, fraude a licitações, lavagem de dinheiro, organização criminosa e outros delitos. Aline Corrêa (PP-PE), filha de Pedro Corrêa, também foi indiciada.
O advogado de Luiz Argôlo, Pedro Ricardo Scavuzzi, informou que só vai se manifestar após ler a denúncia.