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Câmara aprova suspensão do mandato de Leréia por 90 dias

Suspensão já havia sido aprovada pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar devido a relações de amizade com Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 23 de abril de 2014 às 21h34.

Brasília - A Câmara dos Deputados aprovou hoje (23), por 353 votos a favor e 26 contrários, a suspensão do mandato do deputado Carlos Alberto Leréia (PSBD-GO) por quebra de decoro parlamentar.

A suspensão já havia sido aprovada pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar devido a relações de amizade com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, investigado pela Polícia Federal (PF) nas operações Monte Carlo e Vegas.

A ligação foi julgada incompatível com o decoro parlamentar. O conselho recomendou a suspensão do mandato do deputado por 90 dias.

O deputado reafirmou sua amizade com Cachoeira, conhecido por suas ligações com o jogo do bicho. Leréia negou qualquer envolvimento com atividades ilícitas praticadas por Cachoeira e pediu a absolvição no processo.

“Eu tenho a altivez para dizer que não nego as amizades. O Carlinhos é o meu amigo, não nego as minhas origens”, disse o deputado, que também garantiu que, apesar de conhecer as atividades de Cachoeira, nunca jogou no bicho. A atividade é enquadrada como contravenção na legislação brasileira.

Ao ler o parecer do Conselho de Ética, o deputado José Carlos Araújo (PSD-BA) disse que o parlamentar não está sendo investigado pela Justiça e defendeu a pena alternativa. Esta é a primeira vez que a Câmara aplica esse tipo de sanção a um parlamentar.

Após a votação, Leréia entrou com um pedido de licença não remunerada de 40 dias, contados a partir do término da suspensão, para tratar de assuntos de "interesse particular".

O pedido possibilita que o suplente do deputado seja convocado, uma vez que o Regimento da Câmara determina a posse ao suplente nos casos de ausência de mais de 120 dias do cargo. Com isso, a Câmara deve dar posse a Valdivino José de Oliveira, também do PSDB goiano.


Em 2013, o Conselho de Ética da Câmara rejeitou, por 12 votos a 3, e 1 abstenção, parecer do deputado Ronaldo Benedet (PMDB-SC) que pedia a cassação do mandato do deputado Leréia (PSDB-GO).

A época, o deputado foi acusado de receber dinheiro da organização criminosa de Carlos Cachoeira, de usar o cartão de crédito do contraventor e, também, de avisá-lo antecipadamente sobre operação policial contra os jogos ilegais.

Após a decisão, Leréia foi condenado pelo conselho à suspensão do mandato por 90 dias, em setembro de 2013, com parecer do deputado Sérgio Brito (PSD-BA). Se na votação de hoje a maioria dos deputados tivesse derrubado o relatório de Sérgio Brito, o plenário analisaria, em seguida, o parecer da Mesa Diretora, que previa a cassação.

Deflagrada pela PF em 2010, a Operação Monte Carlo revelou um esquema de exploração de jogos ilegais e corrupção em Goiás e no Distrito Federal. A operação também revelou a ligação de políticos com Carlinhos Cachoeira, entre eles o então senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que renunciou ao mandato em 2012.

Já a Operação Vegas teve início em março de 2008 em função do vazamento de informações sobre a deflagração de uma operação policial e da tentativa de cooptação de um policial federal da superintendência em Goiás por membros de organização criminosa.

Nas duas operações, a polícia detectou a ação de Cachoeira.

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