Caixa: as suspeitas levantadas na nova etapa da operação recaíram sobre contratos da Caixa e também do Ministério da Saúde (Tânia Rêgo/ABr)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2015 às 11h45.
Brasília - A Caixa Econômica Federal afirmou nesta sexta-feira, 24, que o irmão do ex-deputado André Vargas, Leon Vargas, não aparece como um dos sócios da IT7, empresa de tecnologia que, segundo investigações da Operação Lava Jato, era usada pelo ex-parlamentar como duto de propinas.
De acordo com o banco estatal, no primeiro contrato, firmado em 2012, os donos da empresa eram João Batista Comelli Netto, Michel Lasagno Comelli, Marcelo Simões e Diego Deboni Rosseto.
No segundo contrato, de 2013, os sócios são os mesmos, mas a empresa mudou o nome de IT7 Sistemas para CMSD Tecnologia.
A informação de que Leon Vargas, irmão do ex-deputado, é sócio da IT7 está no relatório do Ministério Público Federal que embasou o pedido de prisão dos dois no dia 10 de abril, quando a força-tarefa que investiga o escândalo da Petrobras deflagrou a 11ª etapa da operação, dedicada aos negócios suspeitos de Vargas, que deixou o PT e o Congresso em meio à revelação de sua ligação com o doleiro Alberto Youssef. As suspeitas levantadas na nova etapa da operação recaíram sobre contratos da Caixa e também do Ministério da Saúde.
O jornal O Estado de S. Paulo revelou em sua edição desta sexta-feira, 24, que os contratos da Caixa com a IT7 somam R$ 87,4 bilhões. Desde quando as suspeitas vieram à tona, no dia 10 passado, a Caixa suspendeu os pagamentos à empresa.
O banco firmou dois contratos com a IT7 por meio de pregão eletrônico para fornecimento de licença de produtos da companhia Oracle (banco de dados) e serviços de manutenção. A empresa, segundo o banco estatal, venceu o pregão porque ofereceu o menor preço.
No primeiro contrato, pagou R$ 16 milhões, sendo R$ 13,4 milhões pela compra da licença e R$ 2,7 milhões pelos serviços de manutenção entre março de 2012 e março de 2013.
Pelo segundo contrato, que vigoraria até o fim deste ano, o banco estatal pagou R$ 49 milhões pela licença e desembolsaria R$ 22,5 milhões pela manutenção do software por dois anos, de dezembro de 2013 a dezembro de 2015.
Dessa última quantia, R$ 10 milhões não chegaram a sair dos cofres do banco público pois os pagamentos foram suspensos.
Ou seja, no total, o banco pagou R$ 77,5 milhões à empresa de tecnologia do irmão do ex-deputado André Vargas.
Trata-se de um valor bem maior do que o estimado pelo juiz Sérgio Moro nas justificativas da ordem de prisão do ex-parlamentar. O juiz federal que atua no Paraná estimava que a Caixa tivesse desembolsado algo em torno de R$ 50 milhões para a IT7.