Mulher negra: no curso de medicina em 2016, por exemplo, dos 298 ingressantes, 238 (79,9%) são brancos; 2 (0,7%), pretos; 22 (7,4%), pardos; 36 (12,1%), amarelos; e nenhum indígena (Gabriela Korossy/ Câmara dos Deputados)
Da Redação
Publicado em 30 de junho de 2016 às 18h24.
O número de alunos pretos e pardos aceitos em 2016 pelo vestibular da Universidade de São Paulo (USP) caiu em relação ao ano anterior. Em 2015, o total de pretos ingressantes na universidade foi 391 ou 3,5% do total.
Em 2016, no entanto, o número é menor: 328 ou 3,2%. A quantidade de pardos matriculados em 2015 foi 1.642 (14,8%); em 2016, o número de pardos aceitos foi 1.427 ou 14,0%. Os dados, divulgados hoje (30), são da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest).
Os alunos brancos são a maioria dos ingressantes na USP pelo vestibular 2016: 7.728, ou 75,8% do total, seguido dos pardos (1.427 ou 14%), amarelos (692 ou 6,8%), pretos (328 ou 3,2%) e indígenas (19 ou 0,2%).
O curso de medicina, um dos mais concorridos da USP, reduziu pela metade o número de pretos ingressantes em relação ao ano anterior. Em 2015, dos 300 aprovados pela vestibular, 234 (78%) eram brancos; 4 (1,3%) pretos; 30 (10%), pardos; 32 (10,7%), amarelos e nenhum indígena. Em 2016, dos 298 ingressantes, 238 (79,9%) são brancos; 2 (0,7%), pretos; 22 (7,4%), pardos; 36 (12,1%), amarelos; e nenhum indígena.
Houve diminuição também na quantidade de estudantes oriundos de escola pública que foram selecionados pelo vestibular da USP.
Em 2015, os alunos que cursaram todo o ensino médio em instituições públicas do estado e foram aprovados pela Fuvest totalizaram 3.853 (ou 34,8% do total). Em 2016, o número de estudantes de escolas públicas foi 3.121, ou 30,6% do total.
Movimento negro
Alunos do movimento negro na USP têm feito várias manifestações nos últimos meses cobrando a adoção de cotas para negros na universidade. A USP não adota cotas raciais em seu vestibular.
“Precisamos derrubar os portões que impedem negros, indígenas e estudantes de baixa renda de estudarem na Universidade de São Paulo. Todas as universidades federais brasileiras já possuem uma política de cotas. E, pelo menos, 30 das outras 36 universidades estaduais, desde 2003, reservam vagas como parte de uma política de inclusão social”, diz manifesto divulgado pelo movimento.
No dia 16, os estudantes ocuparam parte do prédio da reitoria da universidade, onde ocorria uma reunião do Conselho de Graduação, em que se discutia propostas de inclusão social na instituição.
Os estudantes reivindicavam que o conselho incluísse em sua pauta a adoção de cotas para negros e indígenas na universidade.
A reitoria de USP foi procurada pela reportagem, mas ainda não se manifestou.