Vinicius Carvalho, presidente do Cade: "questões políticas que envolveram a investigação não mudam a análise que o Cade faz do processo", disse (Cristiano Mariz/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 16 de agosto de 2013 às 13h12.
São Paulo - O presidente do Conselho Administrativo e Defesa Econômica (Cade), Vinícius Carvalho, refutou, no início da tarde desta sexta-feira, 16, as acusações de que o órgão tenha agido de maneira política no processo de investigação do cartel de trens do Metrô e da Companhia Paulista de Três Metropolitanos, em São Paulo (SP). O órgão foi alvo das acusações por ser ligado ao governo federal, comandado pelo PT, e as investigações ocorrerem sobre ações do governo do PSDB em São Paulo.
"Não posso aceitar acusação de politização da investigação do cartel. Se empresa vem ao Cade, como o órgão pode ser acusado de estar politizando?", indagou Carvalho, lembrando que o processo teve início após uma empresa, a Siemens, ter assinado com o Cade um acordo de leniência, semelhante a uma delação premiada, no qual entregou os detalhes do cartel nos trens. "Questões políticas que envolveram a investigação não mudam a análise que o Cade faz do processo."
Carvalho, que participa nesta sexta-feira (16) de uma homenagem à ex-presidente do Cade Elizabeth Farina, na Universidade de São Paulo, criticou ainda as acusações de que o órgão vazou informações para a imprensa e ainda que tenha dificultado o acesso às informações do processo ao governo paulista. "O Cade não tem empecilho a compartilhar documentos desde que haja autorização judicial", afirmou.
Segundo o presidente do Cade, o foco legal do órgão é investigar apenas o crime de cartel. Por isso, "possíveis crimes de licitações com funcionários serão encaminhados ao Ministério Público", frisou.
Ele lembrou que o Ministério Público já teve acesso ao acordo e ao histórico de leniência e que os documentos apreendidos pela superintendência do órgão só serão encaminhados aos promotores caso haja a autorização judicial. Isso justifica, segundo o presidente do Cade, a necessidade de o governo paulista ter recorrido à Justiça Federal para ter acesso a apenas parte do processo que já é pública. "O governo de São Paulo teve acesso aos documentos do que o juiz de São Bernardo do Campo tornou público", concluiu.