Jair Bolsonaro: "Com toda certeza, o índio mudou. Cada vez mais, o índio é um ser humano igual a nós" (Adriano Machado/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 24 de janeiro de 2020 às 08h28.
Última atualização em 24 de janeiro de 2020 às 11h08.
Brasília — O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (23) que "cada vez mais, o índio é um ser humano igual a nós".
A declaração foi dada durante a transmissão ao vivo que Bolsonaro costuma fazer semanalmente em suas redes sociais para falar sobre os destaques de seu governo. No momento em que fez o comentário, o presidente tratava da criação do Conselho da Amazônia.
"Com toda certeza, o índio mudou. Cada vez mais, o índio é um ser humano igual a nós. Então, fazer com que o índio cada vez mais se integre à sociedade e seja realmente dono da sua terra indígena. Isso que nós queremos aqui", disse Bolsonaro.
A criação do Conselho da Amazônia foi anunciada na última terça-feira. O órgão será comandado pelo vice-presidente Hamilton Mourão e será responsável por coordenar ações para a proteção, defesa e desenvolvimento sustentável da região.
Bolsonaro tentou submeter a Funai (Fundação Nacional do Índio) ao Ministério da Agricultura, no que foi barrado primeiro pelo Congresso e depois pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O presidente também tem um longo histórico de declarações preconceituosas contra minorias, como orientais e homossexuais, e sempre foi um crítico da demarcação de terras indígenas, protegidas pela Constituição Federal.
“Ninguém quer maltratar índio, e você pode ver na Bolívia tem um índio que é presidente”, disse Bolsonaro em novembro de 2018, já eleito. “E por que no Brasil temos que mantê-los reclusos em reservas como se fossem animais em zoológico?”, completou.
“O índio é um ser humano igualzinho a nós e quer o que nós queremos e não pode se usar a situação do índio para demarcar essas enormidades de terras que, no meu entender, poderão ser sim, de acordo com a própria ONU, novos países no futuro”, acrescentou.
Em agosto, afirmou também em transmissão nas redes sociais que "é muita terra para pouco índio, e sem lobby" e que sua decisão era não fazer mais demarcações.
Já em novembro de 2019, disse que os índios "são condenados a viver como homens pré-históricos dentro do nosso próprio país" e que isso precisava mudar.
"O índio quer produzir, quer plantar, quer os benefícios e maravilhas da ciência, da tecnologia. Todos nós somos brasileiros”, afirmou o presidente em em evento realizado na Zona Franca de Manaus.
“Por que reservar um espaço sobre uma terra onde você não pode fazer nada sobre ela? Nós queremos o índio fazendo na sua terra exatamente o que o fazendeiro faz ao lado. Podendo inclusive garimpar.”