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Cachoeira pede a mão da noiva durante julgamento

O contraventor disse que não responderia aos questionamentos relacionados ao processo

Carlos Augusto de Almeida Ramos, mais conhecido como "Carlinhos Cachoeira" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Carlos Augusto de Almeida Ramos, mais conhecido como "Carlinhos Cachoeira" (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2012 às 20h31.

Goiânia - Denunciado pelo Ministério Público Federal, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, usou seu tempo de defesa para fazer declarações de amor a Andressa Mendonça, sua companheira há três anos. O contraventor disse que não responderia aos questionamentos relacionados ao processo, ressaltando que gostaria de fazer "um bom debate" com os procuradores sobre as provas colhidas durante as investigações da operação Monte Carlo. No entanto, diante das falhas processuais, disse Cachoeira, decidiu permanecer em silêncio.

"Ela me deu uma nova vida. Te amo, tá?", disse o bicheiro à Andressa que, na sequência, declarou seu amor ao companheiro do meio do público. No início do depoimento, Cachoeira afirmou que casaria assim que o Ministério Público o liberasse. Andressa já aceitou o pedido. O casório foi adiado por conta da prisão do noivo.

Os dois moravam juntos na casa que era do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), no bairro Alphaville. Hoje se encontram semanalmente na Penitenciária da Papuda. Contudo, a empresária, que acompanhou os dois dias de audiência, já avisou que se ele permanecer detido vai diminuir o ritmo das visitas por conta do assédio da imprensa e do ambiente "pesado" da cadeia.


Preso preventivamente há 148 dias, Cachoeira disse estar sofrendo com seu estado de "leproso jurídico". Ao juiz, ele explicou que as decisões judiciais são sempre contrárias e que tem poucos votos favoráveis nos tribunais. Bem humorado e sorridente, Cachoeira falou por aproximadamente cinco minutos. O tom "teatral" do bicheiro já era esperado por membros do MP.

Depoimento

Cachoeira foi o quarto réu a falar. Todos os sete - Geovani Pereira está foragido -- usaram o direito constitucional de permanecer em silêncio. Responderam apenas perguntas de qualificação e, em alguns casos, fizeram desabafos.

Gleyb Ferreira chorou ao falar da prisão. Homem de confiança de Cachoeira no esquema, segundo a denúncia do MP, ele alegou que foi preso injustamente. Ele se disse humilhado por conviver com marginais, estupradores e traficantes na cadeia. "Só entendo que não há justiça dentro da justiça." O desabafo de Gleyb levou sua mulher a cair no choro. Ela foi consolada pelas esposas dos demais réus.

Lenine Araújo insistiu que as provas obtidas pela PF são ilegais. Primo de Cachoeira e empresário até 2007 de jogos legais, Araújo não quis responder se tinha um aparelho Nextel habilitado nos EUA. "Sou católico fervoroso, frequentador do terço dos homens e colaborador de uma creche que alimenta mais de 200 crianças", defendeu-se.

O ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcêz também afirmou que foi preso injustamente e que não tem rádio habilitado nos Estados Unidos. Segundo ele, o aparelho apreendido pelo PF está registrado em nome de sua mulher e foi comprado no Brasil. Ele completou dizendo que o " Wladimir" citado em alguns trechos da operação é outra pessoa. A defesa do ex-vereador vai pedir esclarecimentos dos fatos.

As audiências de instrução do processo dos oito réus da Monte Carlo foram encerradas nesta quarta na Justiça Federal de Goiás. Alderico Rocha dos Santos, juiz responsável pela instrução do processo, concedeu prazo de três dias para que a defesa apresente os pedidos de diligência. A expectativa é de que o julgamento ocorra em 30 dias. Santos não se manifestou sobre a manutenção da prisão de Cachoeira. A defesa vai entrar com um novo pedido de habeas corpus. O MPF pediu condenações superiores a 20 anos de prisão.

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