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Cabral diz à PF "não se lembrar" de joias e detalhes sobre gastos

O ex-governador não soube explicar à PF, ou afirmou não se recordar, sobre detalhes envolvendo sua própria residência e despesas de sua família

Sérgio Cabral: ele disse que "não saberia precisar" se obras de arte valiam mais de cem mil reais (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Sérgio Cabral: ele disse que "não saberia precisar" se obras de arte valiam mais de cem mil reais (Fernando Frazão/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de novembro de 2016 às 10h51.

São Paulo - Ao mesmo tempo em que relatou sua "indignação" com as "mentiras" dos delatores que afirmaram terem pago propinas a ele e seus aliados referentes às grandes obras do governo do Rio, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) não soube explicar à Polícia Federal, ou afirmou não se recordar, sobre detalhes envolvendo sua própria residência e despesas de sua família e sua esposa, incluindo joias e obras de arte.

Em seu depoimento prestado aos investigadores no dia 17, por exemplo, o peemedebista relatou que, no final de 2010, teve que sair do imóvel em que morava "devido a necessidade de obra" e foi morar em um imóvel emprestado por Guilherme Paes.

Questionado, porém, sobre quem teria contratado a obra e comprado o mobiliário para sua residência, ele disse que "não se recorda".

A PF, então, questionou a ele por que as notas fiscais da obra e dos móveis estavam em nome de Sônia Baptista e ele reiterou que "não se recorda". Sônia foi assessora de Cabral quando ele era senador e também foi sócia do ex-secretário de Cabral no governo do Rio, Carlos Miranda, preso na Operação Calicute.

Investigada, Sônia foi alvo de um mandado de condução coercitiva, quando a pessoa é levada pela PF para depor.

Os investigadores indagaram ainda se Sônia ajuda a atual governanta de Cabral, identificada como Gilda, a pagar as "despesas do lar", ao que o ex-governador respondeu: "possivelmente sim, não sabendo informar se há contraprestação financeira para Sônia".

Joias

Questionado sobre as joias e obras de arte que mantém em sua residência, o ex-governador também demonstrou não saber muito sobre o assunto. Sobre os as obras de arte em suas residências no Rio e em Mangaratiba ele disse que "não saberia precisar" se eles valiam mais de cem mil reais e que "alguns foram adquiridos por sua esposa ou recebidos de presente".

Os investigadores insistiram e perguntaram sobre os certificados das obras de arte e das joias e onde eles estariam. Mais uma vez, o peemedebista tentou se dissociar dos bens. "O declarante esclarece que não administra tais bens, podendo alguns estarem em sua residência", disse no depoimento.

Sobre as joias, a PF ainda perguntou a Cabral sobre compras feitas em algumas joalherias com base em depoimentos dos próprios vendedores dos artigos de luxo. Em relação à joalheria Antonio Bernardo,o ex-governador admitiu que comprou lá "uma ou duas vezes, não recordando se (o pagamento) fora em espécie ou em cartão".

Confrontado com a versão da vendedora da joalheria Vera Lúcia, de que teria adquirido os bens de luxo sempre com dinheiro em espécie, o peemedebista alegou não se recordar das compras.

Ele foi ainda questionado sobre compras de joias com dinheiro em espécie no período em que foi deputado e senador, bem como sobre compras feitas por seus filhos com dinheiro em espécie. Mais uma vez, sua memória teria falhado: "O indiciado afirma que não se recorda".

Em relação a outra joalheria, a H. Stern, Cabral também admitiu que adquiriu joias lá "uma ou duas vezes" com a vendedora Maria Luiza Trotta. Também em relação a estas joias, Cabral alegou que "não se recorda do valor" delas e, ao ser confrontado com o depoimento da vendedora, que disse que ele teria adquirido os artigos de luxo no valor de até R$ 100 mil e com dinheiro em espécie, novamente sua memória "falhou". "Não se recorda", disse.

Por fim, ele ainda foi indagado sobre se teria adquirido joias nas lojas Amsterdam Sauer e Sara Joias, mas, definitivamente, a memória de Cabral não o ajudou durante o depoimento à PF e à Procuradoria da República. "O indiciado relatou que não se recorda".

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