Zona sul do Rio amanheceu ontem com sinais de vandalismo após protesto em frente ao prédio do governador (Tânia Rêgo/ABr)
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2013 às 19h20.
Rio - Dois dias após a depredação do Leblon e Ipanema por manifestantes que protestavam perto da rua onde mora, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), apareceu publicamente nesta sexta-feira, pela primeira vez, para, em 14 minutos, anunciar a criação de uma comissão para investigar os incidentes.
Decreto editado nesta sexta-feira por Cabral instituiu a Comissão Especial de Investigação dos Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas (Ceiv), formada por Ministério Público, Polícias Civil e Militar e Secretaria de Segurança, mais de um mês após o início dos quebra-quebras envolvendo protestos no Estado.
Sem dar detalhes, nem apontar nomes, o governador também acusou supostos grupos estrangeiros pelas manifestações violentas no Rio de Janeiro. "Você tem, nesses atos de vandalismo, também a presença de organizações internacionais cujas redes na internet permitem um nível de comunicação que não se tinha no passado", disse Cabral.
"A gente sabe que há organizações internacionais estimulando o vandalismo, estimulando o quebra-quebra." Desta vez, o governador não acusou a oposição de, com as manifestações, tentar antecipar a sucessão, como fizera em entrevistas anteriores. Aparentando abatimento e acompanhado do secretário da Casa Civil, Régis Fichtner, que tinha expressão grave, o governador respondeu a apenas cinco perguntas - deixou uma sexta para o auxiliar.
Cabral passara a véspera isolado, participando de reuniões com a cúpula da segurança e com chefes do Ministério Público, Tribunal de Justiça, Defensoria Pública e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio. Chegara a convocar uma coletiva, mas a suspendeu no último momento, e não apareceu em público.
Não visitou os lugares depredados, nem conversou com os comerciantes cujas lojas foram atacadas. Nesta sexta-feira, encerrou a rápida coletiva alegando que tinha outro compromisso e saiu rapidamente. Antes, apesar de elogiar o trabalho da Polícia Civil (até a véspera, o caso do Leblon ficaria na 14.ª DP, defendeu a Ceiv.
"A criação da comissão tem o objetivo de dar maior coordenação, agilidade e eficiência às investigações", declarou." O envolvimento do Ministério Público, junto com a área de segurança do governo, será de grande valia para eficiência das investigações, para a elucidação de crimes cometidos e para a aplicação da lei.
Portanto tenho certeza que essa comissão dará maior efetividade às investigações, que é o que a sociedade deseja."Na véspera, em entrevista da cúpula da segurança, informava-se que as investigações ficariam a cargo da 14ª DP, sob acompanhamento da "promotora natural" do inquérito, Patrícia Glioche, segundo o procurador-geral de Justiça, Marfan Martins Vieira.