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Bumlai quitou dívida com contrato da Petrobras, diz Mattos

De acordo com o procurador, o que a investigação comprovou até agora é que, em 2004, houve um empréstimo contraído formalmente no nome de José Carlos Bumlai


	PF prende pecuarista José Carlos Bumlai: Diogo Mattos acrescentou que o principal empréstimo investigado, de R$ 12 milhões, foi contraído em 2004
 (Rodolfo Buhrer/ Reuters/Reuters)

PF prende pecuarista José Carlos Bumlai: Diogo Mattos acrescentou que o principal empréstimo investigado, de R$ 12 milhões, foi contraído em 2004 (Rodolfo Buhrer/ Reuters/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2015 às 14h53.

O procurador da República Diogo de Mattos disse  hoje (24) que o empresário e pecuarista José Carlos Bumlai usou contratos firmados com a Petrobras para quitar empréstimos com o Banco Schahin.

A afirmação do procurador foi feita durante entrevista coletiva para detalhar a 21ª fase da Operação Lava Jato, denominada Operação Passe Livre, que investiga indícios de fraude em licitação na contratação de navio sonda pela Petrobras.

De acordo com o procurador, o que a investigação comprovou até agora é que, em 2004, houve um empréstimo contraído formalmente no nome de José Carlos Bumlai.

"Segundo informações de três colaboradores, na realidade esse empréstimo se destinava ao Partido dos Trabalhadores (PT) e foi pago mediante a contratação da Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras, em 2009.”

Diogo Mattos acrescentou que o principal empréstimo investigado, de R$ 12 milhões, foi contraído em 2004.

“Esse empréstimo foi postergado ao longo dos anos. No fim de 2005, a fim de quitá-lo, foi feito um novo empréstimo no mesmo banco por uma empresa de Bumlai. Essa empresa contraiu o empréstimo, passou para Bumlai, que o quitou, mas surgiu um novo débito de R$18 milhões. Esse empréstimo também não foi pago”, afirmou Mattos.

Segundo o auditor da Receita Federal Roberto Leonel de Oliveira Lima, integrante da equipe da Operação Passe Livre, esta fase da Lava Jato se diferencia das demais pelo número de empréstimos.

“A diferença verificada na análise da recondução do patrimônio de alguns dos envolvidos e de algumas de suas empresas é basicamente centrada em uma série de empréstimos recebidos de bancos públicos e privados. Essa série de empréstimos gerou recursos que foram transferidos a várias pessoas”.

“O que temos claramente é um depoimento informando que Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, esteve no Banco Schahin para realização desse empréstimo e que houve um telefonema de José Dirceu ao então presidente do banco para se responsabilizar pelo empréstimo. Não que ele tenha falado nesse telefonema sobre o empréstimo, mas ele nunca tinha ligado ao banco ou conversado com o senhor Schahin antes”, disse o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima.

José Carlos Bumlai foi preso hoje pela Polícia Federal (PF). Ele iria depor às 14h30 na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES, na Câmara dos Deputados, que investiga operações envolvendo o banco estatal.

Bumlai vem sendo lembrado como suposto amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi citado por delatores da Operação Lava Jato como intermediário de reuniões de Lula com empresários.

Segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, não há comprovação da intercessão do ex-presidente Lula na ação envolvendo o empréstimo com o banco Schahin .

A Operação Passe Livre emitiu 25 mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão preventiva e seis de condução coercitiva em São Paulo (SP), Lins (SP), Piracicaba (SP), Rio de Janeiro (RJ), Campo Grande (MS), Dourados (MS) e Brasília (DF). A operação conta com 140 policiais federais e 23 auditores fiscais.

Os investigados nesta fase responderão pela prática dos crimes de fraudes a licitação, falsidade ideológica, falsificação de documentos, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.

Os policiais também estiveram na sede do BNDES, que colaborou entregando os documentos solicitados. 

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