Carlinhos Cachoeira: contraventor e o doleiro e delator Adir Assad estão entre os condenados por Marcelo Bretas (José Cruz/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de junho de 2018 às 22h08.
Última atualização em 13 de junho de 2018 às 22h08.
Rio e São Paulo - O juiz federal Marcelo Bretas condenou 15 pessoas, entre elas Fernando Cavendish, da Delta Engenharia, e o contraventor Carlinhos Cachoeira, e o doleiro e delator Adir Assad, por lavagem de dinheiro e associação criminosa no âmbito de supostos desvios de R$ 370 milhões de contratos com o governo estadual do Rio na gestão Sérgio Cabral (MDB). A denúncia foi oferecida no âmbito da Operação Saqueador, desdobramento da Lava Jato no Rio.
Segundo a denúncia, "para desviar aproximadamente 370 milhões de reais dos cofres públicos à época dos fatos, a DELTA utilizou 18 empresas de fachada e firmou diversos contratos fraudulentos, que não apresentaram qualquer causa econômica ou ligação direta com as obras efetivadas".
O magistrado atribui a Cavendish o papel de "principal idealizador dos esquemas ilícitos perscrutados" e "beneficiário das práticas de lavagem de dinheiro imputadas".
"A quadrilha liderada por FERNANDO CAVENDISH utilizava a DELTA CONSTRUÇÕES S/A como um instrumento para encobrir as ações criminosas de seus membros e funcionários, acompanhado de diretores regionais da empresa e funcionários da área administrativa e financeira, transferindo vultosos recursos a empresas "fantasmas", como forma de dissimular o desvio de recursos públicos e o consequente pagamento de propinas a agentes estatais", anotou.
Segundo a denúncia, o inquérito da Saqueador foi instaurado a partir de desdobramentos das Operações Vegas e Monte Carlo. Nessas operações foram investigados os esquemas de direcionamento de emendas orçamentárias ao município de Seropédica (RJ), a manipulação de convênios e as fraudes às licitações, segundo destacam os investigadores.
Na operação Monte Carlo foi identificado que grande parte dos valores depositados nas empresas de Carlinhos Cachoeira era proveniente da empresa Delta Construções S.A. "Esses valores eram na verdade dinheiro público desviado para pagamento de propina a agentes públicos", sustenta o Ministério Público Federal.
Grampos telefônicos das operações revelaram a existência de relação estreita entre Cachoeira e Cláudio Dias Abreu, diretor regional do Centro-Oeste da empreiteira, envolvendo negociações com entidades públicas. Revelaram, também, que o contraventor mantinha contato frequente com os funcionários de alto escalão da Delta, como Rodrigo Moral Dall Agnol, Carlos Alberto Duque Pacheco, Heraldo Puccini e também com o presidente da empreiteira, Cavendish.
De acordo com a denúncia, "o gigantesco esquema de lavagem de dinheiro foi elucidado na operação Saqueador, cujas provas foram compartilhadas com a Operação Lava Jato no ano de 2015".
Segundo o Ministério Público Federal, entre 2007 e 2012, a Delta teve 96,3% do seu faturamento oriundo de verbas públicas representando esse porcentual o montante de quase R$ 11 bilhões e que a maior parte desses valores era proveniente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT).