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Brasileiros protestam em todo o país

Em São Paulo, ao menos 65 mil pessoas participaram dos protestos, que ocuparam dois pontos distintos da cidade

Em São Paulo, os manifestações fecharam a Marginal Pinheiros e seguiram para o Palácio dos Bandeirantes. Outra multidão ocupou a Avenida Faria Lima, na zona sul da capital (Gustavo Kahil/Exame.com)

Em São Paulo, os manifestações fecharam a Marginal Pinheiros e seguiram para o Palácio dos Bandeirantes. Outra multidão ocupou a Avenida Faria Lima, na zona sul da capital (Gustavo Kahil/Exame.com)

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2013 às 22h45.

São Paulo - Dezenas de milhares de brasileiros participaram de manifestações nesta segunda-feira nas maiores cidades do país para protestar contra o aumento das tarifas dos transportes e os gastos com a Copa do Mundo de 2014 em detrimento dos serviços públicos.

Em São Paulo, ao menos 65 mil pessoas participaram dos protestos, que ocuparam dois pontos distintos da cidade.

No Rio de Janeiro, outro grande protesto tomou conta de toda a avenida Rio Branco. Especialistas da Coppe/UFRJ avaliaram em 100 mil o número de participantes.

Confrontos foram registrados em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Manifestantes que tentaram invadir o local jogaram pedras, coquetéis Molotov e disparavam rojões em direção a policiais acuados no prédio da Alerj, alvo de pichações. Ao menos um carro foi queimado na região.

A polícia reagiu com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Segundo um oficial da PM, cerca de 80 policiais estão refugiados dentro da Assembleia Legislativa, incluindo cinco soldados feridos.

"Isto é muito bom. No Brasil as pessoas não costumam sair às ruas para protestar, é uma imagem bonita", disse à AFP um manifestante no Rio de Janeiro.

"Estou aqui para mostrar que o Brasil não é apenas futebol. Aqui não é só festa. Há outras preocupações, como a falta de investimentos em coisas realmente importantes, a saúde e a educação", disse à AFP a advogada Daiana Venancio, 24 anos, no centro do Rio.

"Que sentido tem fazer uma festa para os gringos quando o Brasil está mal?" - perguntou Priscila Parra, estudante de física de 20 anos.

Em São Paulo, os manifestações fecharam a Marginal Pinheiros e seguiram para o Palácio dos Bandeirantes. Outra multidão ocupou a Avenida Faria Lima, na zona sul da capital.


"Quero que o Brasil acorde. Não é apenas pelas passagens, mas também pela educação e a saúde", disse à AFP Diyo Coelho, de 20 anos, que carregava flores pelas ruas de São Paulo.

Em Brasília, manifestantes marcharam pela Esplanada dos Ministérios e centenas ocuparam o teto do Congresso Nacional.

"Brasil se fodeu, o povo apareceu", "sou brasileiro com muito orgulho", cantavam os manifestantes. Ao menos 5 mil pessoas protestaram em Brasília, em meio a manifestações por todo o país, segundo a polícia local.

A presidente Dilma Rousseff reagiu à onda de protestos afirmando que "as manifestações pacíficas são legítimas e próprias da democracia".

"É próprio dos jovens se manifestar", estimou Dilma em um comunicado divulgado pelo blog da Presidência.

Belo Horizonte, Fortaleza, Salvador, Porto Alegre e Curitiba também tiveram protestos nesta segunda-feira.

As manifestações reúnem diversos movimentos de contestação, que vão daqueles que protestam contra o aumento das tarifas dos transportes coletivos aos que condenam os gastos com os eventos esportivos sediados no Brasil.

Em Belo Horizonte, onde o protesto reuniu cerca de 30 mil pessoas, segundo seus organizadores, a polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes para impedir que o movimento chegasse ao Mineirão, onde Nigéria e Taiti jogavam pela Copa das Confederações.

Convocadas através das redes sociais, as reivindicações não têm vínculo político. Com gritos de "não tenho partido", a maior parte dos manifestantes é composta por jovens da classe média.

"Eu vim porque quero que o Brasil acorde. Não é apenas contra a alta dos preços dos transportes, mas pela educação e pela saúde", disse à AFP Diyo Coelho, 20 anos, que participava de uma passeata junto a um grupo de amigos em São Paulo, que levavam flores brancas nas mãos.

"Vem, vem, vem pra rua, vem!", gritavam os manifestantes no centro histórico e financeiro do Rio.

Do alto dos prédios comerciais, pessoas jogavam papéis brancos em apoio aos manifestantes.


"Estou aqui para mostrar que o Brasil não é apenas o país do futebol e do carnaval. Aqui nós temos outras preocupações, como a falta de investimentos em coisas realmente importantes, como saúde e educação", disse Daiana Venâncio, 24 anos, bacharel em direito.

A onda de protestos começou em São Paulo na semana passada. O motivo inicial era contestar o aumento das tarifas dos transportes coletivos, que passaram de R$ 3,00 para R$ 3,20. Rapidamente as manifestações se espalharam para outras cidades.

Na ordem do dia dos protestos estão os gastos colossais com a Copa das Confederações e a Copa do Mundo -- 15 bilhões de reais -- em detrimento de outras áreas, como saúde e educação.

Estas são as maiores manifestações de rua no Brasil em 21 anos, desde os protestos de 1992 contra a corrupção do governo do então presidente Fernando Collor de Melo, que renunciou durante o processo de impeachment.

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