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Brasileiro percorre, em média, 72 km para ter atendimento médico

No caso do atendimento de alta complexidade, a distância praticamente dobra, chegando a 155 km

Saúde: no Sul e Sudeste, a média dos deslocamentos para procedimentos de alta complexidade é de 100 km (Rodrigo Capote/Getty Images)

Saúde: no Sul e Sudeste, a média dos deslocamentos para procedimentos de alta complexidade é de 100 km (Rodrigo Capote/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de abril de 2020 às 11h32.

Última atualização em 8 de abril de 2020 às 11h32.

Para ajudar na elaboração de políticas públicas de enfrentamento à epidemia de covid-19, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira informações sobre saúde que só sairiam no segundo semestre.

Originalmente, as informações estariam na pesquisa Regiões de Influência das Cidades (Regic) 2018. A Regic é realizada a cada dez anos e apresenta a hierarquia dos centros urbanos brasileiros, delimitando regiões de influência.

A pesquisa saiu a campo no segundo semestre de 2018 e investigou, entre outros aspectos, quantos quilômetros a população deve percorrer em média para ter acesso a serviços de saúde de baixa, media e alta complexidade.

Os resultados adiantados mostram que a população precisa percorrer, em média, 72 km para receber atendimento médico de baixa e média complexidade; caso de exames clínicos, serviços ortopédicos e radiológicos, fisioterapia e pequenas cirurgias que não envolvam internações.

No caso do atendimento de alta complexidade, essa distância praticamente dobra, chegando a 155 km. "Se uma cidade tem um hospital regional, isso significa que ele não atende somente pacientes do município onde está localizado, mas também das cidades vizinhas", explica o coordenador de Geografia do IBGE, Claudio Stenner. "Os dados dessa pesquisa ajudam a dimensionar o impacto disso na saúde."

Para o gerente de Redes e Fluxos Geográficos do IBGE, Bruno Idalgo, os dados, quando cruzados com outros de saúde, fornecerão informações importantes para o enfrentamento da epidemia.

"É possível identificar, por exemplo, municípios onde pode ocorrer superlotação das unidades de saúde", disse. "Os órgãos poderão correlacionar a quantidade de respiradores e verificar os locais menos assistidos. São inúmeras as possibilidades de uso de dados."

Os números variam muito dependendo da região do País. Manaus, a capital do Amazonas, é a cidade que recebe pacientes que tiveram de percorrer as maiores distâncias.

São, em média, 418 km para ter acesso a procedimentos de baixa e média complexidade. Santa Catarina, por sua vez, é o único Estado onde ocorrem deslocamentos médios inferiores a 40 km, os menores, com destaque para Chapecó. Já Goiânia (GO) é o município que atende pacientes provenientes do maior número de cidades, 115 no total.

Nas Regiões Sul e Sudeste, a média dos deslocamentos para procedimentos de alta complexidade fica em 100 km. Nessas regiões, os fluxos se dividem entre as capitais e cidades de menor porte no interior. No Nordeste, por sua vez, os tratamentos de alta complexidade estão concentrados nas capitais.

Na semana passada, o IBGE já havia anunciado uma parceria para implementar uma versão inédita da PNAD contínua. "Planejamos liberar também dados sobre os locais de compra da população para contribuir com as ações de abastecimento", adiantou o diretor de Geociências do IBGE, João Bosco de Azevedo. 

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