Brasil

Brasil de volta ao mapa: com 4 milhões de turistas internacionais, país tem melhor agosto em 28 anos

Nos oito primeiros meses deste ano, o país recebeu mais de quatro milhões de visitantes vindos do exterior, gerando US$ 4,45 bilhões

Camaçari, um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil (Eduardo Moody/Divulgação)

Camaçari, um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil (Eduardo Moody/Divulgação)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 30 de setembro de 2023 às 12h15.

Última atualização em 30 de setembro de 2023 às 12h21.

O Brasil voltou ao mapa do turismo internacional. A receita gerada por viajantes estrangeiros já supera o patamar pré-pandemia, embora o fluxo de visitantes ainda esteja abaixo do anterior à Covid. De janeiro a agosto, esses turistas geraram US$ 4,45 bilhões para o país, quase 7,5% a mais que em igual período de 2019.

Só em agosto, foram US$ 657 milhões, o melhor resultado para o mês em 28 anos, ou desde o início da série elaborada pelo Banco Central. Fica acima, inclusive, do registrado em agosto de 2016, quando foi realizada a Olimpíada do Rio. No acumulado do ano, o crescimento sobre 2022 se aproxima dos 40%.

— Já ultrapassamos o período de crise no turismo internacional, se considerarmos a contribuição que ele traz à economia brasileira. Esta já é maior que no pré-pandemia, embora a malha desses voos ainda não esteja 100% de volta — avalia Jeanine Pires, consultora de turismo e ex-presidente da Embratur. — Agora é ter mais turistas, não apenas em volume, mas olhando para os que mais contribuem para a nossa balança comercial.

Nos oito primeiros meses deste ano, o Brasil recebeu mais de quatro milhões de visitantes vindos do exterior, batendo em mais de 11% os 3,6 milhões de todo 2022. Em 2019, foram 6,4 milhões. Mas a estimativa da Embratur — órgão responsável pela promoção do Brasil como destino turístico lá fora — é voltar a 6 milhões este ano, subindo a 8 milhões em 2026.

Para fazer isso, a agência de promoção vem reforçando ações no exterior, com a participação em feiras e eventos. Avança também na criação de novos produtos e segmentos, destacando o afroturismo, além de parcerias com empresas aéreas para ampliar a malha de voos internacionais — um dos limitadores ao avanço do turismo receptivo.

— Não é só o número de turistas que importa, mas o que ele traz ao país. Uma receita de R$ 3,2 bilhões só em agosto é prova da reconexão do Brasil com seus grandes mercados emissores de turistas: América Latina, Estados Unidos e Europa — frisa Marcelo Freixo, presidente da Embratur. — O Brasil voltou à prateleira. Vamos crescer e buscar parceiros que reforcem a mensagem de um país com responsabilidade climática e diversidade, além das riquezas naturais, culturais e gastronômicas.

O fluxo de visitantes da região está restabelecido. Só argentinos já são 1,4 milhão este ano. É mais que o triplo do total de americanos, que foram 436,5 mil, segundo maior mercado emissor de estrangeiros para o Brasil.

— Há uma forte demanda por lazer, experiência e novos destinos no pós-pandemia. E o Brasil é competitivo nesse sentido, com oferta de voos e câmbio favorável. Isso movimenta toda a cadeia, incluindo os restaurantes — diz Alexandre Sampaio, da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação. — Hotéis que investiram em melhorias e modernização estão surfando esta onda. Já vemos hotéis e resorts anunciando expansões no Nordeste, em Minas Gerais e mesmo no interior do Rio.

Aposta no Afroturismo

Cesar Fernandes, presidente da Associação Brasileira de Turismo Receptivo (Recept), confirma investimentos feitos por empresas também de serviços, como as de traslados e passeios, efeito ainda da expansão do movimento de cruzeiros no país. A temporada 2023/2024 será a mais longa da história, estendendo-se de outubro a abril.

— Cada cidade de desembarque recebe receita. Mas promoção (no exterior) tem que vir casada com infraestrutura, mais voos, bons portos, aeroportos. O Brasil recebe menos da metade dos turistas de Machu Picchu. Ou seja, o potencial a ser explorado é gigantesco — diz Fernandes.

As amigas chilenas Maria José e Francisca chegaram ao Rio na quinta-feira e ficam até amanhã.

— Amamos o Rio. Não achamos tão caro, é igual ao Chile. E não tivemos problema com segurança. Queremos voltar sempre — comentou Maria José, enquanto passeava na Praia de Copacabana.

Um dos esforços do governo será divulgar e consolidar o afroturismo. O mercado americano, diz Freixo, tem forte interesse nesse segmento. A meta é trabalhar roteiros que mostrem mais que os locais de referência, alcançando quilombos, terreiros, blocos culturais e escolas de samba.

Um plano estratégico será lançado no início de 2024. As ações terão início por Salvador e Rio. Um dos destaques será o circuito da Pequena África, no Centro do Rio, onde estão o Cais do Valongo, o Cemitério dos Pretos Novos, a Pedra do Sal e o Morro da Conceição.

Apesar de a expansão da malha aérea ainda ser um desafio, as companhias têm anunciado voos. A Latam tem previsão de iniciar as rotas Confins-Santiago, no dia 29 de outubro, e Florianópolis-Santiago, em 1º de novembro. E vai conectar o Brasil com Aruba, Havana e Atlanta, todos via Lima.

A Azul, que já voa para sete destinos internacionais, vai inaugurar a rota Curitiba-Montevidéu em 31 de outubro. Já a Gol vai incluir em sua malha, entre janeiro e março de 2024, voo ligando Navegantes/Balneário Camboriú, em Santa Catarina, ao aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires. E entre dezembro e fevereiro, a rota Confins-Ezeiza.

‘Tax refund’ nos estados

A American Airlines vai operar, de 21 de dezembro a 7 de janeiro, dois voos diários entre Galeão e Miami. No mesmo período, haverá aumento na frequência entre Galeão e Nova York, de três voos semanais para um serviço diário. Já de janeiro a março, a oferta ligando Rio e Miami será de três voos semanais.

A TAP também vai ampliar os voos para o Brasil no verão europeu de 2024. Recife passará a ter mais três ligações com Lisboa, passando de sete para dez, e o Rio crescerá de dez para 12. São Paulo, Belém, Brasília, Natal, Maceió, Porto Alegre e Salvador também terão mais um voo semanal para Portugal.

Como resposta à crescente demanda, a Delta Air Lines terá voos diários ligando Rio e Nova York de 16 de dezembro até o fim de fevereiro. A companhia também vai retomar a rota entre Rio e Atlanta, com voos diários de 17 de dezembro até o fim de março.

A British Airways vai ampliar de cinco para sete os voos semanais entre Rio e Londres, com extensão da capital fluminense até Buenos Aires, a partir de 29 de outubro. A Iberia, do mesmo grupo, vai crescer de três para quatro as ligações semanais entre Rio e Madri.

Ontem, o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) deu autorização para que governos estaduais ofereçam aos turistas estrangeiros a devolução do ICMS cobrado de mercadorias compradas na viagem. A medida, também conhecida como tax refund, foi proposta pelo governo do Rio. (Colaborou Mayra Castro, estagiária, sob a supervisão de Glauce Cavalcanti)

Acompanhe tudo sobre:TurismoBrasil

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022