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Brasil terá centro de certificação para evitar espionagem

Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, diz ter certeza de que EUA fazem um monitoramento muito mais profundo do que apenas de metadados


	Pessoa usa computador: o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) registra cerca de 2.100 incidentes por hora, em redes do governo federal na internet, como tentativas de coleta de informações nos bancos de dados do governo
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Pessoa usa computador: o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) registra cerca de 2.100 incidentes por hora, em redes do governo federal na internet, como tentativas de coleta de informações nos bancos de dados do governo (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 14 de agosto de 2013 às 14h38.

Brasília – Brasil terá, ainda em 2014, um centro de certificação que permitirá ao país ter maior segurança para o uso equipamentos que evitem o monitoramento de dados pela internet. Dessa forma, o país pretende dificultar a ocorrência de situações como as denunciadas pelo ex-funcionário de uma empresa terceirizada que prestava serviços à Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA), Edward Snowden.

A previsão é do Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, general Sinclair Mayer. Ele disse hoje (14) que o uso de equipamentos importados para o gerenciamento de rede representam grande risco para a preservação de informações. A dificuldade fica ainda maior porque a indústria nacional não tem condições de fornecer todos os equipamentos necessários ao país.

Por isso, o governo está criando "um centro de certificação de equipamentos que possam ser usados de forma mais segura" para evitar espionagens, anunciou Mayer durante audiência pública na Câmara dos Deputados, para discutir sistemas de guarda e fluxo de conteúdo de informações no Brasil.

Com esse centro de certificação, o governo pretende evitar o uso de equipamentos que tenham “portas que permitem o vazamento de informações não desejadas”, acrescentou. A expectativa é que esse centro de certificação comece a funcionar no ano que vem.

Presente na audiência pública, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse ter "certeza de que eles [EUA] fazem um monitoramento muito mais profundo" do que apenas de metadados, que são registros de acessos, referentes a informações como horários e números de ligações ou endereços de e-mails.

Para o ministro, o caso de espionagem norte-americana reforça a necessidade de o Brasil criar um Marco Civil da Internet mais avançado.


“Após ter sido informado de que foi monitorado pelos Estados Unidos, o governo da Alemanha anunciou nesta semana medidas como a obrigatoriedade de armazenamento de banco de dados de empresas [de internet, como Google e Facebook] no próprio país. Nós temos de fazer o mesmo, e isso pede uma medida legislativa”, disse o ministro ao defender que as medidas constem no Marco Civil.

O diretor do Departamento de Segurança da Informação e Comunicações (DSIC), do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Raphael Mandarino Júnior, informou que o órgão registra cerca de 2.100 incidentes por hora, em redes do governo federal na internet. Parte desses incidentes estão relacionados a tentativas de coleta de informações nos bancos de dados do governo.

“O que não se consegue resolver é enviado à minha equipe. São cerca de 60 incidentes por dia. Nosso expediente não termina até que os solucionemos”, disse o diretor do GSI, que elogiou alguns sistemas de segurança de informação, em especial algoritmos, desenvolvidos em parceria com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

“Há algoritmos usados há cerca de 12 anos sem que nunca tenham sido quebrados. Por isso eles serão colocados à disposição de toda a segurança pública”, acrescentou. “[Até porque] qualquer celular é uma janela para atacar qualquer rede”, completou.

De acordo com o diretor do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento para Segurança das Comunicações da Abin, Otávio Carlos Cunha da Silva, um dos algoritmos citados por Mandarino protege há três anos as comunicações do Estado brasileiro. “O domínio de tecnologias é a grande solução [para evitar problemas de monitoramentos indesejados de informações do Estado]”, reiterou o representante da Abin.

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