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Brasil tem déficit externo recorde para janeiro

Investimentos estrangeiros diretos não foram suficientes para cobrir o resultado negativo

Déficit da conta de serviços aumentou 89% em janeiro, para US$ 2,351 bi (Patrick Lin/AFP)

Déficit da conta de serviços aumentou 89% em janeiro, para US$ 2,351 bi (Patrick Lin/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2011 às 15h05.

Brasília - O Brasil abriu o ano com o maior déficit em transações correntes desde dezembro de 2009 e o pior resultado para o janeiro da história, refletindo a crescente demanda por bens e serviços importados em meio a um cenário de crescimento econômico e câmbio valorizado.

Os investimentos estrangeiros diretos, apesar de superiores ao estimado pelo Banco Central, não foram suficientes para cobrir o déficit em transações correntes --conta que mede as principais trocas do país com o resto do mundo. Mas as aplicações dos estrangeiros em carteira garantiram o financiamento do saldo.

O déficit em transações correntes ficou em 5,409 bilhões de dólares no mês passado, ante um saldo negativo de 3,821 bilhões de dólares em igual mês de 2010, informou o Banco Central nesta quarta-feira.

"A gente continua tendo um déficit em transações correntes porque a gente cresce mais do que o mundo, o mundo está disposto a financiar a gente neste momento", afirmou Jankiel Santos, economista-chefe do BESI Brasil.

"Em uma eventual reviravolta é ruim você ter déficit em transação corrente? É, mas não quer dizer que você não consiga fazer frente a isso, principalmente com 300 bilhões de dólares de reservas --para mim não é uma fonte de preocupação", acrescentou o analista.

O déficit da conta de serviços aumentou 89 por cento em janeiro frente a 2010, para 2,351 bilhões de dólares.

Apenas em viagens internacionais, os gastos dos brasileiros somaram 1,741 bilhão de dólares, maior valor da série do BC, que tem início em 1947. A conta inclui ainda as despesas de empresas em itens como seguros, aluguel de equipamentos e fretas, todas em ascensão.


As remessas de lucros e dividendos por parte dos investidores e empresas também mais do que dobrou no primeiro mês do ano frente a 2010, chegando a 1,879 bilhões de dólares.

O déficit externo só não aumentou mais porque as exportações brasileiras também cresceram frente ao ano passado, e o país fechou janeiro com um superávit comercial de 424 milhões de dólares, ante um déficit de 180 milhões de dólares em janeiro de 2010.

Analistas de mercado apostavam em um déficit em conta corrente de 5,7 bilhões de dólares em janeiro, segundo a mediana de pesquisa feita pela Reuters junto a 12 instituições. Em dezembro de 2009, a conta corrente foi deficitária em 5,950 bilhões de dólares. O BC previu que, em fevereiro, o déficit será de 3 bilhões de dólares.

Investimentos

Os investimentos estrangeiros diretos no país somaram 2,956 bilhões de dólares no primeiro mês do ano, ante 600 milhões de dólares em janeiro de 2010 e 1 bilhão de reais acima do estimado pelo BC há um mês.

Para fevereiro, o BC projetou um fluxo de investimento direto de 7 bilhões de dólares. Caso se confirme, o valor será recorde para o mês.

"Os fluxos prenunciam um período favorável para o IED", afirmou o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, destacando que no início do ano os investimentos tendem a vir ainda em volume menor do que o observado no restante do ano.

Os investimentos em carteira chegaram a 3,375 bilhões de dólares no mês passado, frente a 3,689 bilhões de dólares um ano antes. Em janeiro houve saída líquida de 470 milhões de dólares das aplicações em renda fixa no país, ainda em resposta ao aumento da taxação sobre esses investimentos, de 2 para 6 por cento, segundo o BC.

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