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Brasil registra maior índice de desmatamento na Amazônia em 12 anos

O Pará, sozinho, desmatou 5.192 km² de floresta, o equivalente a 46,8% de toda o território desmatado

Amazônia: desmatamento é o mais alto dos últimos 12 anos (Per-Anders Pettersson/Getty Images)

Amazônia: desmatamento é o mais alto dos últimos 12 anos (Per-Anders Pettersson/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 30 de novembro de 2020 às 18h45.

A Amazônia brasileira perdeu 11.088 quilômetros quadrados de área de floresta entre agosto de 2019 e julho de 2020, um aumento de 9,5% em relação aos 12 meses anteriores e o número mais alto dos últimos 12 anos.

Os dados do Prodes, sistema de cobertura de satélite que dá a estimativa oficial de desmatamento do país, foram apresentados nesta segunda-feira no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e ainda são considerados prévios.

A análise continua sendo feita e, de acordo com Cláudio Almeida, coordenador do programa de monitoramento do Inpe, o número final deve ser apresentado até fevereiro, mas a variação não deve ser maior do que 5%.

      Em 2019, os números do Prodes deram o primeiro sinal de que a desmatamento no país havia voltado a crescer significativamente. Na comparação com o período anterior, de agosto de 2018 a julho de 2019, o aumento fora de 34,4%, fazendo com que os olhos do mundo se voltassem novamente para os problemas ambientais no Brasil.

      De acordo com os dados do Prodes de 2020, os Estados do Pará, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia foram os responsáveis por 87,8% do desmatamento captado pelo Prodes na região da Amazônia Legal.

      O Pará, sozinho, desmatou 5.192 km² de floresta, o equivalente a 46,8% de toda o território desmatado.

      Presente à divulgação em São José dos Campos, o vice-presidente Hamilton Mourão, coordenador do Conselho da Amazônia, destacou que os números foram menos ruins do que o esperado, já que se falava em um crescimento de até 20%.

      "Não podemos comemorar, mas isso significa que o trabalho está começando a render frutos", afirmou, repetindo que a Operação Verde Brasil, que colocou militares para tentar conter o desmatamento e as queimadas na Amazônia, começou tarde, apenas em maio. "O resultado provisório significa que precisamos manter a impulsão do nosso trabalho."

      O resultado menos ruim, no entanto, não foi comemorado por especialistas da área. Gilberto Câmara, diretor do Grupo de Observação da Terra (GEO, na sigla em inglês), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou que a estratégia de levar os militares para a Amazônia claramente fracassou.

      "A estratégia de passar para os militares claramente não funcionou. Com (Ricardo) Salles (ministro do Meio Ambiente) estava ruim, piorou com Mourão. Colocaram milhões com os militares e nada aconteceu de bom", disse.

      Câmara chamou atenção para o fato de os números do sistema Deter, que medem o desmatamento mensalmente, estarem cada vez mais próximos do Prodes. Segundo ele, os dados do Deter, com melhoria de tecnologia e da própria equipe, estão cada vez mais precisos e o governo não precisa fechar o ano para saber onde está o desmatamento.

      "Deter já mostrava que estava ruim. Não tem desculpa para não agir antes, não tem falta de dados", afirmou.

      Em nota, a ONG Observatório do Clima ressaltou que a taxa deste ano oficializa que o Brasil descumpriu a meta da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), que determinava uma redução do desmatamento a uma taxa de máxima de 3.925 km2 em 2020.

      "O país está 180% acima da meta, o que o põe numa posição de desvantagem para cumprir seu compromisso no Acordo de Paris (a NDC) a partir do início do ano que vem. Devido ao aumento do desmatamento, o Brasil deve ser o único grande emissor de gases de efeito estufa a ter aumento em suas emissões no ano em que a economia global parou por conta da pandemia", diz a nota.

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