Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: além das reformas, Fernando Henrique disse que para um crescimento econômico mais expressivo é preciso olhar também para outras questões. (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 20 de maio de 2013 às 15h09.
São Paulo - O Brasil precisa retomar o caminho das reformas se quiser voltar a crescer de forma mais robusta e consistente, avaliou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, acrescentando que é preciso que o setor manufatureiro do país se reintegre à engrenagem do comércio internacional.
"O Brasil não continuou no caminho das reformas", disse nesta segunda-feira Fernando Henrique durante debate no Reuters Latin American Investment Summit.
"Houve uma espécie de confiança demasiada em que o impulso que tinha sido dado pela estabilidade e pelo mundo (...) tinha sido suficiente para assegurar o bem-estar 'ad aeternum'".
Nos últimos dois anos, o Brasil cresceu bem menos do que as previsões iniciais tanto do governo como do mercado, e abaixo de outras economias emergentes, apesar de medidas de estímulo adotadas pelo Executivo federal.
Para Fernando Henrique, neste momento é preciso mostrar com clareza que o Brasil tem rumo. "O capital é medroso, quando tem dúvida, se encolhe".
Mas o ex-presidente lembrou que fazer reformas não é algo simples e que normalmente embute custos políticos.
"Tudo isso requer um esforço enorme do presidente e do governo e desgasta, você perde popularidade", disse.
Como exemplo desse processo doloroso, ele citou a aprovação da medida provisória que criou um novo marco regulatório para o setor portuário do país na semana passada.
Além das reformas, Fernando Henrique disse que para um crescimento econômico mais expressivo é preciso olhar também para outras questões, como a necessidade de "um novo ímpeto forte de reengajamento do setor produtivo manufatureiro ao processo global".
O ex-presidente citou a Embraer como um exemplo positivo a ser seguido nesse "reengajamento".
"Hoje nós já temos tecnologia, gente competente, condições de competitividade", argumentou.