Segundo presidente da CNDL, resultado da pesquisa serve de alerta para preparação à Copa do Mundo, em 2014, uma vez que a das Confederações é uma espécie de "treino" para o evento principal (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 23 de abril de 2013 às 16h03.
São Paulo - O presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Junior, afirmou nesta terça-feira que o Brasil precisa evitar o "efeito África do Sul" e buscar um modelo alemão em relação à herança que o país terá após eventos como as Copas das Confederações, em junho, e do Mundo, em 2014.
"Se a gente não estiver preparado, não vamos ter perenidade nas ações", afirmou, destacando a pesquisa divulgada nesta terça-feira que revelou que 59% dos comerciantes brasileiros dizem que não estão se preparando para receber a Copa das Confederações.
De acordo com Pellizzaro Junior, o modelo da Alemanha é o exemplo a ser seguido. "Os alemães conseguiram interiorizar o turismo e potencializar os ganhos após a Copa."
Ele destacou que a pesquisa será levada aos Ministérios de Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e do Turismo para "sensibilizar o governo" de que é preciso fazer mais com o objetivo de ampliar o legado dos eventos esportivos. "Todo mundo sabe que vai ter movimento, que vai ganhar dinheiro, mas pouco estão fazendo alguma coisa", disse.
Idioma
Segundo a pesquisa da CNDL, o conhecimento de outros idiomas é visto por 33% dos empresários brasileiros como principal aspecto de preparação para a Copa das Confederações, que começa em junho. De acordo com Pellizzaro Junior, a questão relacionada a idiomas será solucionada com o auxílio da tecnologia.
"Nenhum gênio vai aprender outra língua daqui até a Copa das Confederações", disse, ressaltando que algumas ferramentas "simples" podem dar resultados. "Qualquer loja que tenha wi-fi e um tablet pode usar ferramentas de tradução simultânea, um tradutor do Google, por exemplo, que pode quebrar a barreira na questão da língua", disse.
A pesquisa mostrou ainda que 61% dos empresários acreditam que o país não está preparado para atender os turistas. "Não vi nenhum cardápio de bar e restaurante colocar embaixo dos produtos a tradução em inglês", declarou. Segundo o presidente da CNDL, são atitudes simples, que podem mudar a relação com o turista. "A tecnologia é a única ferramenta que pode encurtar distâncias", reforçou.
"Preparado"
Enquanto 59% dos empresários brasileiros dizem não investir para receber a Copa das Confederações, 81% dos comerciantes acreditam que haverá um aumento no fluxo das vendas, apontou o levantamento. "Todos esperam que essas vendas adicionais cairão do céu. Haverá um aumento de vendas, mas ele será direcionado, de forma muito mais significativa, para aqueles estabelecimentos que estiverem preparados", garantiu. Conforme Pellizzaro Junior, os estabelecimentos que estiverem preparados terão uma captação maior de turistas. "Os que não estiverem preparados verão essa oportunidade passar."
Financiamento
De acordo com a sondagem, 27% dos entrevistados que não se preparam para o evento apontam como motivo a falta de perspectiva de retorno para o negócio. Outra razão é a falta de capital para investimento (14%), além da ausência de apoio governamental (13%). "Todo mundo acha que vai ter uma rentabilidade maior, mas o custo para que se alcance isso é muito alto", acredita.
Segundo Pellizzaro Junior, falta no país uma política pública de acesso ao crédito para o varejo. "Eles têm de buscar isso em mecanismos muito caros", admite, ressaltando que, com isso, o custo de captação "fica muito alto pelo retorno que poderá gerar". Os recursos financeiros usados pela parcela de empresários que diz se preparar, aponta o estudo, é, basicamente, de capital próprio (77%), contra apenas 20% de verbas captadas em bancos privados e públicos.
Termômetro para a Copa
Conforme o presidente da CNDL, o resultado da pesquisa serve de alerta para a preparação à Copa do Mundo, em 2014, uma vez que a das Confederações é uma espécie de "treino" para o evento principal. "Serve como termômetro", explica, ressaltando esperar que um número maior de empresários mude "essa consciência (da importância de investimentos) para que na Copa do Mundo estejamos preparados."