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Brasil pode registrar 973 mil mortes por covid até setembro, diz projeção

Os dados são de uma previsão feita pelo Instituto Para Métricas de Saúde e Avaliação, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos

Coronavírus: a diferença entre as projeções reforça a importância das medidas de prevenção ao coronavírus (Andre Coelho/Bloomberg/Getty Images)

Coronavírus: a diferença entre as projeções reforça a importância das medidas de prevenção ao coronavírus (Andre Coelho/Bloomberg/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de maio de 2021 às 16h30.

Última atualização em 18 de maio de 2021 às 16h39.

O Brasil deve ter um novo aumento de mortes por covid-19 nos próximos dias e, no pior dos cenários, irá registrar 973.000 óbitos relacionados à doença até setembro. Os dados são de uma projeção feita pelo Instituto Para Métricas de Saúde e Avaliação (IHME), da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.

O instituto trabalha com três hipóteses. Na projeção mais otimista, os pesquisadores consideram que 95% da população usará máscaras de proteção contra a covid. Em outra, que eles chamam de projeção atual, é esperado que o ritmo de vacinação seja mantido e que a variante B.1.1.7 continue se espalhando em certos locais. No pior dos cenários, com o maior número de mortes, eles consideram que as pessoas já vacinadas vão abandonar as medidas de prevenção à covid.

Nas três conjunturas, o IHME projeta que o Brasil voltará a registrar 3.000 mortes diárias no dia 31 de maio. Na projeção atual e no cenário mais otimista, o novo pico de óbitos seria no início de junho, com cerca de 3.100 mortes por dia. Nessas duas hipóteses o número diário de mortes começaria a cair no dia 6 de junho e alcançaria entre 200 (mais otimista) e 480 óbitos (projeção atual) por dia no início de setembro.

No pior cenário, aquele em que os vacinados deixam de lado a prevenção à covid, o pico aconteceria no início do inverno, em 6 de julho, com quase 4.000 mortes. O número é o dobro do projetado no cenário intermediário (1.900) e quase quatro vezes mais do que as mortes previstas na hipótese mais otimista (1.100). Nessa conjuntura, o país ainda estaria no patamar das 2.000 mortes diárias no início de setembro.

O instituto também projeta o total de mortes que o país pode alcançar em cada uma das hipóteses formuladas. No cenário mais pessimista, o Brasil pode ter 973.000 mortes até o início de setembro. A previsão atual é para 832.000 mortes no período e a análise mais otimista prevê 779.000 mortes.

A diferença entre as projeções reforça a importância das medidas de prevenção ao coronavírus. Se pelo menos 95% dos brasileiros usarem máscara adequadamente, cerca de 200.000 vidas poderão ser poupadas em pouco mais de três meses, segundo o IHME.

A epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), diz que o uso de máscaras, o distanciamento físico e a higienização das mãos são fundamentais neste momento. "Nós ainda estamos com o número de casos muito alto. Há muitas pessoas infectadas circulando pelas cidades e muitas delas nem sabem que carregam o vírus", fala.

Ela diz que os cuidados também devem ser seguidos pelas pessoas que já se vacinaram. Com a transmissão em alta, os imunizados não estão totalmente protegidos e podem ser uma fonte de contágio.

Outra dica da epidemiologista é manter os ambientes arejados, principalmente durante o inverno que se aproxima. Ela aconselha o uso de máscaras com maior capacidade filtrante, como as PFF2, tanto nos locais de uso obrigatório (como mercado e transporte público) quanto ao visitar alguém. No momento, a recomendação é para que se evite visitas não urgentes.

No Brasil, previsões são difíceis

Roberto Kraenkel, professor do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (IFT-Unesp), pondera que é complicado projetar os rumos da covid-19 no país. "A epidemia no Brasil é composta de muitas epidemias ao mesmo tempo. Colocar tudo isso dentro do mesmo balaio é uma coisa complicada", diz.

Kraenkel lembra que não há um plano nacional de combate à pandemia. Cada estado precisou montar seu próprio planejamento e os governadores determinam quando se deve fechar ou não as atividades. "As políticas públicas brasileiras têm sido reativas e não muito previsíveis. O curso da epidemia depende demais das medidas de restrição", fala.

O físico destaca que a inconsistência na chegada de vacinas contra a covid-19 é outro fator que dificulta as projeções. "As vacinas vão chegando aos poucos, os cronogramas estão atrasando. Isso torna a situação muito imprevisível e lamentável."

O professor, que também integra o Observatório Covid-19 BR, critica as projeções no longo prazo. "Isso faz muito pouco sentido frente à quantidade de incertezas. Nosso grupo de análises [o Observatório Covid-19 BR] e a Fiocruz não fazem projeções para muito além de uma semana", aponta.

Apesar das dificuldades, ele diz haver tendências que podem ser observadas. Neste momento, algumas cidades já estão registrando crescimento no número de casos, o que indica que deve haver um aumento no número de mortes no Brasil nas próximas semanas.

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