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Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2012 às 12h10.
São Paulo - A folha de viagens da presidente Dilma Rousseff diz muito sobre as prioridades internacionais do Brasil. Em seus dois primeiros anos no poder, a presidente passou mais da metade de seu tempo de viagem nos Estados Unidos, Europa e China, que juntos respondem por metade de seus mercados internacionais.
E na América Latina? Apenas 30 por cento.
Absorvido por seus problemas econômicos, o Brasil parece não estar aproveitando a falta de interesse dos Estados Unidos na América Latina para afirmar a sua liderança na região. E as consequências econômicas são claras. As exportações brasileiras para a América Latina caíram 11,3 por cento nos primeiros 10 meses de 2012, o dobro da contração de 5,5 por cento das exportações.
O investimento brasileiro no exterior, tradicionalmente dirigido para os países vizinhos, caiu 34 por cento nos primeiros nove meses do ano. "As medidas prioritárias da administração de Dilma foram o aumento da competitividade. A ação na América Latina tem sido secundária", disse o consultor Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O brasileiro de energia suave e a influência internacional que emana de sua estatura de potência emergente se desvanecem. E o Brasil pensa menos na região, sua esfera natural de influência. A perda de influência significa menos negócios para o setor privado brasileiro, boicotando os esforços de um governo que está gastando bilhões de dólares para evitar uma valorização excessiva do real e oxigenar sua indústria com incentivos fiscais.
A Bolívia deu uma bofetada no Brasil ao cancelar um contrato de obras públicas com uma construtora brasileira. E a Argentina, um importante destino para as manufaturas brasileiras, impôs barreiras comerciais que reduziram em 20 por cento as exportações brasileiras para o mercado argentino nos primeiros 10 meses de 2012.
Os economistas estavam apostando que o Brasil, sexta maior economia do mundo, cresceria este ano 1,5 por cento, um pálido reflexo da sua taxa de crescimento na última década, menos da metade da média de seus vizinhos latino-americanos, segundo a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal).
Mas decepcionantes dados do terceiro trimestre divulgados na sexta-feira podem levar o mercado a reajustar as suas previsões para baixo. "O clima econômico não é favorável", disse João Augusto de Castro Neves, analista da consultoria de risco Eurasia Group, em Washington. "E isso se reflete em uma certa timidez da projeção do Brasil na América Latina". "Em um cenário de baixo crescimento, o exercício de liderança regional é manter ou gerenciar o status quo", acrescentou.