Cooperação contra o zika: "Vamos fazer uma reunião do Mercosul na terça-feira em Montevidéu aberta a todos os países que queiram da Celac ou da Unasul", disse a presidente Dilma (Evaristo Sá / AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de janeiro de 2016 às 07h02.
A presidente Dilma Rousseff pediu nesta quarta-feira aos países do fórum latino-americano e caribenho Celac uma estratégia regional de combate ao zika vírus e anunciou uma reunião de ministros da Saúde do Mercosul na próxima terça-feira em Montevidéu.
"Na minha intervenção também propus que tivéssemos também uma ação de cooperação no combate ao zika vírus (...) Vamos fazer uma reunião do Mercosul na terça-feira em Montevidéu aberta a todos os países que queiram da Celac ou da Unasul", garantiu Dilma à imprensa, antes de ir embora da cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos, nos arredores de Quito.
Nos últimos meses houve um forte aumento dos casos de zika na América Latina, especialmente no Brasil, provocando alarme em particular entre as mulheres grávidas já que o vírus, transmitido por um mosquito, é possivelmente associado a casos de malformações fetais.
A presidente, que na terça-feira disse que o governo brasileiro intensificará a luta "casa por casa" contra o zika e se mostrou convencida de que logo haverá uma vacina contra este vírus, garantiu que a "Celac também vai organizar uma reunião específica de ministros da saúde" para tratar do tema.
O presidente norte-americano Barack Obama pediu nesta terça-feira que se acelere a pesquisa sobre o zika vírus, que se expande graças aos mosquitos e ao que se foi vinculado a malformações de bebês.
Obama pediu melhorias nos métodos de diagnóstico e no desenvolvimento de vacinas e tratamentos contra o vírus, que segundo a Organização Mundial de Saúde deve se expandir ao longo das Américas.
A Nicarágua confirmou seu primeiro caso nesta quarta-feira, enquanto Dinamarca e Suíça engrossaram a lista de países europeus com casos de zika em viajantes provenientes da América Latina.
Doenças raras
O zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, proliferou em vários países da América Latina, acendendo o alarme de suspeita de contágio em mulheres na fase inicial da gravidez.
Os sintomas podem incluir febre, dores de cabeça e erupções cutâneas. Até o momento, não há vacinas nem remédios para combater o vírus, nem forma de prevenção, salvo evitar as picadas dos mosquitos.
A OMS disse que, durante dois grandes surtos na Polinésia Francesa, em 2013, e no Brasil no final do ano passado, foram identificadas potenciais complicações neurológicas e auto-imunes da doença.
Mas a relação causal direta entre o vírus e estas complicações ainda não foi comprovada.
No caso da Polinésia, as autoridades relataram um aumento da síndrome Guillain-Barré - uma doença autoimune que se manifesta como uma leve paralisia, progressiva, dos membros - coincidente com o surto de zika, e o mesmo ocorreu no Brasil ano passado.
No Brasil, o alarme disparou depois de um aumento anormal em casos de microcefalia no nordeste no final de 2015. Enquanto em 2014 apenas cerca de 147 bebês foram diagnosticados com microcefalia, a partir de outubro 2015 até a semana passada foram confirmados 270 casos e 3.448 outros suspeitos continuam sob estudo suspeitos de microcefalia.
Após detectar o surto, foi identificada uma possível ligação entre o aumento da incidência de microcefalia e circulação do zika vírus que, se comprovada, seria sem inédita no campo da ciência.
Dos 270 casos confirmados de microcefalia no Brasil, em seis foi detectada a presença do vírus.
Os outros casos de microcefalia não ligados ao zika são objetos de análises e, segundo fontes do ministério entrevistadas pela AFP, poderiam estar ligados a outras doenças como a sífilis, a toxoplasmose, a rubéola, a herpes ou o Citomegalovírus.
Eliminar o mosquito
Brasil estima que houve entre 490 mil e 1,5 milhões de infecções por vírus zika em todo o país, uma cifra extremamente imprecisa já que em 80% dos casos os pacientes não apresentam sintomas.
Além de um turista dinamarquês que viajou para a América do Sul e Europa Central também foram relatados casos em Itália, Espanha, Portugal, Suíça, Holanda e Reino Unido.
Os quatro casos em Portugal são de pessoas que viajaram para o Brasil, assim como os quatro casos da Itália, enquanto três britânicos estiveram na Colômbia, Suriname e Guiana.
O Brasil vai destacar cerca de 220 mil soldados em fevereiro, para "eliminação física dos locais de reprodução e remoção da água parada", disse Dilma. A transação inclui uma campanha de sensibilização "porta a porta" e nas escolas.
O governo da Colômbia, segundo país mais afetado da depois do Brasil, com mais de 13.800 os infectados, decretou o primeiro nível de alerta de saúde para se preparar para a propagação do vírus.
A Argentina, que assiste o avanço da dengue em várias províncias, começou a pulverizar em parques e praças, com a intenção de combater o zika, que até agora tem apenas uma pessoa infectada.