Crianças em escola de Curitiba, no Paraná: alunos do Sul e Sudeste apresentaram os maiores níveis de alfabetização (Cesar Brustolin/SMCS)
Rita Azevedo
Publicado em 17 de setembro de 2015 às 16h26.
São Paulo – Ler e interpretar histórias, escrever textos e resolver problemas matemáticos. Dados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), divulgados nesta quinta-feira pelo Ministério da Educação, mostram que ainda é pequena a parcela de crianças que conseguem cumprir todos esses requisitos – e que a sonhada alfabetização universal ainda está longe de ser alcançada.
Em 2014, apenas 11% dos alunos matriculados na 3° série estavam no nível mais alto de leitura e 9,9% no nível ideal de escrita. No caso dos conhecimentos em matemática, o desempenho das crianças foi melhor – 25% deles alcançaram o nível mais alto.
"Os resultados não são uma história de sucesso, mas o bom é que eles apontam o que devemos fazer, apontam o que são os problemas, apontam os níveis de alfabetização", disse o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, durante o EXAME Fórum de Educação, realizado na última segunda-feira.
A meta do Plano Nacional da Educação (PNE) é que, até 2024, todas as crianças estejam alfabetizadas, no máximo, até o final do 3° ano do Ensino Fundamental.
Os resultados não são uma história de sucesso, mas o bom é que eles apontam o que devemos fazer. Renato Janine Ribeiro, ministro da Educação
Aplicada pela primeira vez em 2013, a ANA busca aferir os níveis de alfabetização em Língua Portuguesa e Matemática em estudantes do 3° ano do Ensino Fundamental das escolas públicas.
Os resultados são divididos em níveis de desempenho que podem variar de 1 a 5, dependendo da competência (Leitura, Escrita ou Matemática). Quanto maior o nível, melhor o desempenho do aluno.
Desigualdades que persistem
Dependendo da região, os resultados da alfabetização são ainda mais críticos e mostram o abismo que persiste entre as áreas mais ricas e as mais carentes do país.
Em Leitura, por exemplo, 16,75% dos alunos da região Sudeste atingiram o nível mais alto – ou seja, conseguem ler, encontrar sentido em um conto e reconhecer relação de tempo em um texto. No Norte, menos de 5% atingiram o mesmo patamar.
Na competência Escrita, a discrepância entre as regiões é parecida. No Nordeste, menos de 4% das crianças atingiram o nível mais alto – que significa, por exemplo, que são capazes de escrever ortograficamente e continuar uma narrativa. No Sudeste, 15,4% conseguem o mesmo.
Outro dado alarmante é que nos estados no Norte e Nordeste, dois em cada dez alunos do 3° ano do Ensino Fundamental estão no nível mais baixo de escrita, ou seja, não conseguem escrever nenhuma palavra.
O desempenho dos alunos na avaliação de Matemática, em todas as regiões, é superior ao registrado nas avaliações de Língua Portuguesa.
Em regiões como Sudeste e Sul, mais de 30% dos alunos atingiram o patamar mais alto – o que significa que são capazes de, por exemplo, ler horas e minutos e resolver problemas matemáticos. No Norte e no Nordeste, nem 15% das crianças alcançaram o mesmo nível.
Em miúdos
Nas tabelas abaixo, é possível entender quais são as competências consideradas em cada nível.