Barbara Bruns, economista-chefe do Banco Mundial na área de Educação para América Latina e o Caribe (Fabio Rizzato/BioFoto/EXAME.com)
Raphael Martins
Publicado em 15 de setembro de 2015 às 16h43.
Última atualização em 2 de agosto de 2017 às 16h26.
São Paulo – Em palestra no EXAME Fórum Educação, na manhã de hoje (15), a economista-chefe do Banco Mundial na área de educação para América Latina e o Caribe, Barbara Bruns, apresentou pesquisa do instituto que destaca o papel dos professores na necessária melhoria da educação no país.
A pesquisa feita em 18 mil salas de aula e publicada no livro "Professores Excelentes: Como Melhorar a Aprendizagem dos Estudantes da América Latina e do Caribe" permite fazer comparações entre as políticas dos países e verificar carências. Para o Brasil, ela indicou as principais diretrizes que demandam mudanças, em especial a capacitação dos docentes.
Para Barbara, o ponto mais crítico é que os professores brasileiros são, em geral, ineficientes e não há políticas para valorizar aqueles que se destacam.
Segundo a economista, o corpo docente é mal treinado para gerenciar a sala de aula, o que resulta em cerca de 20% menos produtividade em relação ao que é considerado por boa prática pelo Banco Mundial — algo como um dia por semana desperdiçado. O foco dos alunos na aula também é baixo, cerca de 24% do tempo de aula, prejudicando o aprendizado.
“Dentro de cada escola, há uma variação enorme entre as práticas do melhor para o pior professor”, disse. “O positivo disso é que já existe uma maior possibilidade de difusão de boas práticas dentro das escolas. O problema é que todos são tratados da mesma forma, mesmo aqueles com desempenho muito diferenciado. Os bons não recebem incentivo, os ruins não sofrem consequências.”
Como solução, Barbara indica políticas públicas mais exigentes, que eliminem os professores com baixo desempenho e dê bônus aos excelentes através de avaliações periódicos auditados por instituições externas ao governo, como acompanhamento de aulas e supervisão da evolução didática dos alunos.
“É algo que já acontece em países como Chile, México e Colômbia, para citar apenas a América Latina”, afirma. “A transição leva tempo, mas, sem mudar os padrões, os jovens não receberão a educação que merecem e de que o país precisa.”