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Brasil já negociou doses para atingir imunidade de rebanho em outubro

Acordos brasileiros com a Sinovac e Astrazeneca garantem doses para que 75% da população brasileira esteja imunizada nos próximos meses, junto com Japão e União Europeia

Vacinação na aldeia indígena Umariaçu, próximo a Tabatinga, Amazonas. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Vacinação na aldeia indígena Umariaçu, próximo a Tabatinga, Amazonas. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 4 de fevereiro de 2021 às 17h58.

Última atualização em 8 de fevereiro de 2021 às 14h55.

Considerando a capacidade de produção local de vacinas e os contratos já firmados com farmacêuticas ao redor do mundo, o Brasil deve atingir a imunidade de rebanho contra a covid-19 em outubro deste ano, dois meses após os Estados Unidos e quase ao mesmo tempo que Japão e União Europeia. Em todo o continente sul-americano, a imunidade de rebanho deve chegar apenas em março de 2022.

Termo polêmico nos primeiros meses de pandemia, imunidade de rebanho é quando boa parte de uma população já foi vacinada e desenvolveu anticorpos contra o vírus, reduzindo seu potencial de transmissão e circulação. Neste levantamento, essa parcela da população seria de 75% - cerca de 158 milhões dos 211 milhões de brasileiros. Os dados foram compilados pela empresa britânica de análise de dados Airfinity, e cedidos à EXAME.

Se a realidade seguir fielmente as previsões matemáticas, os países líderes na corrida mundial das vacinas atingirão o mesmo patamar de vacinação ainda no primeiro semestre: Israel, que já vacinou 30% da sua população, deve alcançar os 75% no final de abril; o Canadá, em junho, o Reino Unido em julho e os EUA em agosto. As estimativas não levam em conta possíveis fraquezas das vacinas em relação a novas mutações do vírus, que já preocupam cientistas e farmacêuticas.

Empresa britânica de análise de dados prevê imunidade de rebanho no Brasil em outubro de 2021, dois meses após EUA e junto com Japão e União Europeia (Airfinity/Reprodução)

As vacinas do Brasil

Até agora, o Instituto Butantan e a Fiocruz são os principais fornecedores de vacinas no Brasil. O primeiro, ligado ao governo paulista e parceiro da chinesa Sinovac, tem capacidade para fabricar 600 mil doses por dia, mas ainda depende de insumos chineses para tocar a produção - isso pelo menos até janeiro de 2022, quando a Coronavac poderá ser inteiramente fabricada no Brasil.

A situação é semelhante a da Fiocruz, que testou e começara a fabricar localmente a vacina de Oxford/Astrazeneca já nesta semana - mas também a partir do IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) importado da China. O primeiro lote, que chega ao Brasil neste final de semana, deve render 7,5 milhões de doses, e o contrato do Ministério da Saúde com o laboratório prevê outras 13 remessas do IFA, entregues a cada 15 dias.

O atraso inicial na entrega dos insumos, que deflagrou uma crise diplomática entre Brasil e China, não deve atrasar o cronograma da Fiocruz, que garante a fabricação de 100 milhões de doses da vacina até o fim de julho.

Mais vacinas a caminho

Com a recente decisão da Anvisa, que permite a aprovação de uso emergencial das vacinas no Brasil sem que os laboratórios tenham que conduzir estudos de fase 3 localmente, outros fabricantes que não a Sinovac/Butantan e a Astrazeneca/Fiocruz também devem fornecer vacinas ao país. Nesta sexta, o presidente Jair Bolsonaro deve se reunir com o ministro da saúde, General Pazuello, para bater o martelo sobre a compra da vacina russa Sputnik V, que será fabricada localmente pela União Química assim que a Anvisa der o aval.

Cerca de 33 milhões de doses da vacina Covaxin, desenvolvida pela indiana Bharat Biotech, também podem chegar ao Brasil por intermédio do setor privado. O governo federal apoiou as negociações mas, em seguida, o próprio laboratório e o fundo de investimento que o controla negaram as tratativas. O assunto ainda é controverso pois, segundo a própria OMS, com descentralização da distribuição das doses disponíveis, as vacinas não necessariamente chegarão primeiro àqueles que mais precisam, retardando o desafogamento dos sistemas de saúde e a recuperação econômica.

 

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