Avião de combate F/A-18F Super Hornet, da Boeing: além do custo menor do concorrente, a discussão de espionagem pode ter tido papel na decisão brasileira (James R. Evans / US Navy)
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2013 às 13h44.
Nova York - O jornal The New York Times deu destaque nesta quinta-feira para a decisão do Brasil de comprar aeronaves da sueca Saab e não da fabricante dos Estados Unidos em um contrato de US$ 4,5 bilhões.
"Brasil esnoba Boeing em negócio de aviões de caça" é o título da reportagem na capa do caderno de economia e negócios do diário norte-americano.
O Times cita que a decisão do governo brasileiro foi tomada num momento em que as relações do País com os Estados Unidos azedaram. O jornal ressalta o cancelamento da visita de Estado que a presidente Dilma Rousseff faria a Washington em Outubro e o discurso feito pela presidente na ONU condenando a espionagem norte-americana.
A reportagem do Times destaca que o ministro Celso Amorim não respondeu diretamente em uma entrevista à imprensa ontem se a decisão tinham relação com a espionagem dos EUA no Brasil.
Ao invés de responder à questão, o jornal diz que Amorim repetiu o que já havia falado em um comunicado divulgado mais cedo, citando questões técnicas, custos menores e que a sueca concordou em dividir tecnologias, com partes do caça aéreo sendo produzidas no Brasil.
Em entrevista ao jornal, o analista de setor aéreo da Teal Group, Richard Aboulafaia, acha que o fator custo foi o mais importante, mas reconhece que a discussão de espionagem pode ter tido papel na decisão brasileira
. Ele cita que o avião sueco custa em torno de US$ 45 milhões, enquanto o da Boeing tem preço ao redor de US$ 55 milhões. Além disso, a aeronave da Saab tem custo menor com combustível, a metade dos custos da norte-americana.
A Boeing, cita o Times, se diz "decepcionada" e afirmou que iria conversar com o governo brasileiro para entender melhor a decisão. A empresa, com sede em Chicago, disse ainda que procura oportunidades para expandir os negócios no Brasil.