Exército brasileiro: Amorim reiterou que a segurança pública é competência dos Estados e que a função dos militares é a defesa contra "ameaças externas" (Divulgação/Exército Brasileiro)
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2012 às 09h19.
Brasília - O governo brasileiro enviou um contingente de cerca de 9 mil militares – equipados com helicópteros de combate, navios-patrulha, aviões de caça e blindados – para as fronteiras do país com o Paraguai, a Argentina e o Uruguai. É a chamada Operação Ágata 5, que começou ontem (6). A previsão é que dure até 30 dias.
"É uma operação de fronteira que tem por objetivo, sobretudo, a repressão à criminalidade", disse o ministro da Defesa, Celso Amorim. A Marinha enviou aproximadamente 30 embarcações para os rios da Bacia do Prata, entre elas três navios de guerra e um navio-hospital.
A Força Aérea Brasileira (FAB) participa da operação com esquadrões de caças F5 e Super Tucano, além de aviões-radar e veículos aéreos não tripulados. O Exército mobilizou infantaria e blindados Urutu e Cascavel de três divisões. As três Forças usam ainda helicópteros Black Hawk e Pantera, para transporte de tropas e missões de ataque.
A operação terá ainda o apoio de 30 agências governamentais, entre elas a Polícia Federal, que elevarão o efetivo total para cerca de 10 mil homens. O general Carlos Bolivar Goellner, comandante militar do Sul, disse que a área crítica de patrulhamento é entre as cidades de Foz do Iguaçu, no Paraná, e Corumbá, em Mato Grosso do Sul, onde é maior a maior incidência de tráfico de drogas e contrabando.
A presidenta Dilma Rousseff ordenou a Amorim a execução da Operação Ágata 5. "A ação visa a reforçar a presença do Estado na fronteira com a Bacia do Prata", disse Goellner. Segundo ele, as fronteiras serão fortemente guarnecidas e como consequência o tráfico de drogas e o contrabando devem ser "sufocados".
Para Samuel Alves Soares, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (Abed), a decisão de ampliar o número de homens armados na região de fronteira pode ser entendida como uma mensagem da disposição de aumentar a força brasileira.
"Os países [vizinhos] podem interpretar que é uma demonstração de força. [Essa operação] tem um simbolismo, um peso, que pode ser entendido de outra maneira", disse. Segundo o ministro da Defesa, Celso Amorim, todos os países da região estão a par das operações. "Todos os Estados vizinhos foram previamente avisados, informados, e convidados a enviar observadores [para a operação]", disse Amorim, no 6º Encontro Nacional da Abed, em São Paulo.
Pelos dados do governo, houve quatro edições da operação em diversas regiões de fronteira. Amorim lembrou que, em operações anteriores, a Venezuela e a Colômbia cooperaram com os brasileiros, fazendo ação semelhante de seu lado da fronteira.
De acordo com Amorim, a diplomacia brasileira criou ao longo dos anos um processo de integração regional e cooperação militar na América do Sul – com órgãos como o Conselho de Defesa Sul-Americana, da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) – que resultou em um "cinturão da paz" em torno do Brasil.
Nas quatro primeiras operações, foram apreendidas mais de 2,3 toneladas de drogas, 302 embarcações irregulares e 59 armas. As Forças Armadas também dinamitaram quatro pistas de pouso clandestinas e fecharam oito garimpos e cinco madeireiras ilegais. Também foram realizados 19 mil atendimentos médicos e 21 mil odontológicos para populações isoladas ou carentes.
Amorim reiterou ainda que a segurança pública é competência dos Estados e que a função dos militares é a defesa contra "ameaças externas". Ele disse porém, que pode haver exceções para essa regra, "desde que limitadas no tempo e no espaço".