Cocaína: "A cocaína é embarcada da América Latina até Europa em navios que saem do Brasil e outros países, como o Equador e Venezuela" (Carlos Jasso/Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2016 às 10h39.
Lisboa - As redes de narcotraficantes utilizam grande variedade de métodos e rotas para transportar a cocaína da América Latina até a Europa, com o Brasil estando cada vez mais consolidado como um ponto de saída relevante.
Esta é uma das conclusões do estudo: "O tráfico de cocaína à Europa", elaborado pelo Observatório Europeu de Drogas e Toxicomanias (OEDT) e divulgado nesta terça-feira, no qual se analisa a rota que segue a droga até sua chegada ao continente.
Os especialistas lembram que a produção de cocaína tem lugar "quase exclusivamente" em três países sul-americanos: Bolívia, Colômbia e Peru.
No entanto, os laboratórios nos quais são processados também foram detectados em outros de seu entorno e em outras partes do mundo, incluindo a própria Europa.
O relatório aponta a que a cocaína é levada para o continente europeu por via aérea e marítima, embora este segundo trajeto é aparentemente o mais usado, já que entre 2011 e 2013 representou quase dois terços das apreensões.
"A cocaína é embarcada da América Latina até Europa em navios que saem do Brasil e outros países, como o Equador e Venezuela. O crescente uso do Brasil como ponto de saída reflete a cada vez maior importância da Bolívia e Peru como fonte da cocaína que é enviada para o continente europeu", revelou o documento.
O capítulo de pontos de partida alerta para a importância crescente da Venezuela, citando o Cone Sul - particularmente a Argentina -, e adverte que Colômbia seguirá sendo "um ponto importante de saída via marítima da cocaína" com direção ao Velho Continente.
Sobre as rotas, a análise do OEDT revela que os envios de cocaína para a Europa não costumam ser diretos e transitam por "duas áreas principalmente": pela região do Caribe e África Ocidental.
Do lado do Caribe, República Dominicana e Jamaica são os focos mais importantes, apesar das operações policiais "têm empurrado traficantes para usar a zona leste" na região.
"O aparente aumento do uso da rota caribenha pode ser um reflexo dos fortes medidas (legais e policiais) aplicadas no México e América Central", afirmam os especialistas.
Do Caribe, a cocaína é geralmente transferida para a Europa por via marítima, através do arquipélago português dos Azores, ou por via aérea "tanto com voos diretos como com diferentes escalas", afirmou.
A outra rota mais usada inclui países da África Ocidental, assim como as ilhas de Cabo Verde, Madeira e Canárias, embora nestas últimas foram registradas "uma redução das apreensões".
Do continente africano, a droga é enviada para a Europa por terra, mar ou ar. Os traficantes aproveitam as rotas que já existem para o transporte de cocaína no norte da África.
Os principais portos de entrada da cocaína são Espanha, Portugal, Holanda e Bélgica, de acordo com o Observatório.
Sobre os métodos de transporte, o estudo lembra que os narcotraficantes utilizam desde iates privados até contêineres em navios mercantes, o que dificulta sua detecção.
Além disso, sempre inovam na hora de esconder a droga, juntando a plásticos e outros materiais para que não se perceba a primeira vista, passando depois por um tratamento químico para "recuperar" sua forma original.
Os traficantes tentam disfarçar cada vez mais em envios de bens perecíveis, com o objetivo de passar pelos portos da forma mais rápida.
A cocaína transportada por via aérea chega através de aviões privados ou de pessoas físicas em voos comerciais.
Apesar da quantidade transportada é sensivelmente menor que quando se utiliza a via marítima, o elevado número de confiscos confirmam que é um método bastante utilizado.
A droga, nestes casos, costuma estar camuflada na bagagem, embora também há exemplos de pessoas que a levam presa em seu corpo, que engolem ou mesmo passam por uma cirurgia para escondê-la em suas próteses mamarias.