Cocaína: A Unifesp comparou os dados obtidos com estatísticas internacionais (Australian Federal Police/AFP)
Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2012 às 19h45.
São Paulo - Cerca de 6 milhões de brasileiros provaram cocaína alguma vez na vida, e 2,8 milhões fizeram uso da droga no último ano, segundo uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira, que situa o Brasil como segundo consumidor mundial da substância entorpecente e seus derivados, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
A segunda edição do Relatório Nacional de Álcool e Drogas, elaborado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostrou que 5,6 milhões de adultos e 442 mil menores, que têm entre 14 e 17 anos, admitiram ter consumido cocaína na forma de produtos derivados como crack, óxi e merla.
''Nosso estudo mostrou que o país é o segundo maior mercado de cocaína e seus derivados no mundo. O número absoluto de usuários no Brasil representa 20% do consumo mundial'', disse o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da pesquisa.
Entre os que admitiram ter consumido a droga no último ano, 2,6 milhões são adultos e 244 mil são adolescentes. A Unifesp entrevistou 4.607 pessoas com mais de 14 anos de idade mediante questionários em residências de 149 municípios do país.
Segundo a pesquisa, 5,1 milhões de adultos e 316 mil adolescentes cheiraram cocaína alguma vez; já 1,8 milhões de adultos e 150 mil adolescentes fumaram algum dos derivados da droga.
O estudo indica também que 2 milhões de brasileiros fumaram crack ou merla em alguma ocasião e que 1,2 milhões fez uso no último ano. O consumo foi três vezes maior em áreas urbanas do que em áreas rurais, e muito concentrado (46%) no Sudeste.
A Unifesp comparou os dados obtidos com estatísticas internacionais, entre elas as da Organização Mundial da Saúde (OMS), para concluir que o Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína e seus derivados no mundo.
Essa posição é atribuída por Laranjeira ao alto consumo de crack no país. ''Nenhum país no mundo tem 1 milhão de consumidores de crack'', afirmou.
A lista é liderada pelos Estados Unidos, com 4 milhões de consumidores no último ano, seguido por Brasil (2,8 milhões), os demais países sul-americanos (2,4 milhões), Reino Unido (1,1 milhões), Espanha (0,8 milhões) e Canadá (0,5 milhões), segundo dados citados no estudo.
Segundo o psiquiatra, o crack é atualmente a maior preocupação das autoridades devido à grande taxa de mortalidade: quase um terço dos consumidores morre em um prazo entre cinco e dez anos.
A Unifesp divulgou em agosto uma primeira parte de seu relatório, segundo no qual 1,5 milhão de brasileiros consome maconha diariamente e 8 milhões fumou a droga em alguma ocasião.