Índios isolados fazem contato no Acre com aldeia Ashaninka (Reprodução YouTube)
Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2014 às 23h00.
São Paulo - Brasil e Peru estão colaborando para saber mais detalhes sobre os motivos que levaram recentemente uma tribo do Acre a manter contato com a civilização, informou nesta terça-feira a Fundação Nacional do Indígena (Funai).
A primeira observação desta tribo aconteceu no último dia 27 de junho, quando membros da Funai estavam pescando e viram dois indígenas que tinham deixado cair uma cesta de limões na margem do rio Envira.
Os funcionários do órgão indigenista conseguiram se aproximar do grupo isolado graças à intermediação de membros da etnia Ashaninka que vivem na aldeia Simpatia, localizada em uma das margens do rio Envira e que recebe atendimento sanitário da Funai.
Os antropólogos da Funai asseguram que ainda não estão claros os motivos pelos quais esta tribo decidiu entrar em contato com os Ashaninka, mas acreditam que pode dever-se à pressão exercida pelos madeireiros peruanos.
A Funai, por meio do governo, enviou um 'conjunto de perguntas' ao Peru, país fronteiriço com o Acre, para que possa ajudar os pesquisadores a obter mais informação sobre a tribo, informou hoje a entidade.
'Com as respostas que o governo do Peru nos mandou (hoje), vamos buscar formas de atuar conjuntamente para realizar a proteção não só desse grupo que realizou o contato, mas também com outros que vivem na região', declarou a presidente da Funai, Maria Augusta Assirati, em entrevista coletiva.
Um grupo de 24 índios está em contato permanente com a Funai na Base de Proteção Etnoambiental Xinane, onde alguns deles foram transferidos em um primeiro momento ao serem diagnosticados com leves problemas de saúde.
Após a realização de alguns exames médicos, os indígenas retornaram a seus lares - cuja distância da base não foi comprovada -, mas voltaram de novo à base de proteção ambiental.
'Existe, no primeiro momento, uma série de desconfianças sobre nós, sobre nossas intenções', comentou o coordenador geral de Índios Isolados e Recém Contatados da Funai.
De acordo com o coordenador de Proteção e Localização de Índios Isolados da Funai, Leonardo Lênin, as pressões geradas por madeireiros e outros grupos provocam mudanças na vida dos indígenas e lhes obrigam a buscar novos contatos.
Segundo a Funai, alguns dos índios que se encontram na base Xinane relataram situações de perigo e medo.
A Funai acredita que na Amazônia brasileira existem 104 registros de indígenas que vivem isolados, embora só 26 tenham sido confirmados, localizados e seguidos pela fundação.