Brasil

Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo

Segundo dados do governo americano, país está atrás apenas dos Estados Unidos

Brasil também é o principal país de trânsito para a cocaína com destino aos mercados internacionais (Wikimedia Commons)

Brasil também é o principal país de trânsito para a cocaína com destino aos mercados internacionais (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 7 de março de 2012 às 22h06.

Washington - O Brasil permanece como o segundo país que mais consume cocaína no mundo, enquanto Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai ainda são passagem de drogas de outras partes da América do Sul rumo à Europa e América do Norte, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo governo dos Estados Unidos.

O Departamento de Estado americano divulgou nesta quarta-feira o relatório anual "Estratégia para o Controle Internacional de Narcóticos", documento que avalia a colaboração de outros países na luta dos EUA contra o tráfico de drogas.

Argentina

A Argentina continua sendo uma passagem crucial para a cocaína produzida na região da Cordilheira dos Andes e, embora o recém-criado Ministério de Segurança tenha trabalhado para melhorar o controle de narcóticos, o "lento processo" de execução somado à queda da cooperação com os EUA reduziu a capacidade de interdição.

As autoridades americanas consideram que os esforços antinarcóticos no México e na Colômbia obrigaram os traficantes a utilizar outras rotas no mercado. A redução das capacidades de interdição de drogas na Bolívia também "contribui de maneira significativa" ao aumento do trânsito de cocaína através da Argentina.

A droga mais consumida continua sendo a maconha, importada do Paraguai, mas o uso da cocaína cresceu e a Argentina se transformou no segundo maior mercado interno desta droga na América Latina, após o Brasil.


Brasil

O Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo, após os Estados Unidos, e registra altas taxas de consumo de maconha. Além disso, é o principal país de trânsito para a cocaína com destino aos mercados internacionais, principalmente à Europa.

Os EUA reconhecem os esforços do Brasil na luta antinarcóticos - suas forças de segurança são "muito profissionais e comprometidas" na luta antinarcóticos -, mas os 16 mil quilômetros de fronteira - que mais da metade são compartilhados com os principais países produtores de maconha e cocaína - o tornam um país vulnerável.

O relatório indica que a indústria química do Brasil cresceu nos últimos anos, relacionada a setores lícitos da economia, mas também a compostos precursores para a produção de cocaína. Por isso, os controles da substância representam um desafio para o país.

"Como um dos dez maiores fabricantes de produtos químicos do mundo, líder na América Latina e o único país que faz fronteira com os três países andinos produtores de cocaína, os controles químicos representam um desafio particular".

Washington também destaca o Brasil por seu papel "pró-ativo" na identificação de ameaças de droga emergentes.

Chile

O Departamento de Estado reconhece que o Chile "não é um grande produtor de drogas orgânicas ou sintéticas", mas ressalta que se trata de um país "significativo" para o trânsito de cocaína com destino a outros lugares, em particular à Europa.


Os EUA reconhecem que, devido a sua longa fronteira com Peru, Bolívia e Argentina, "difícil de vigiar", enfrenta uma dificulta maior para combater o tráfico de drogas.

Além disso, as restrições derivadas do tratado de paz resultante da Guerra do Pacífico (1879-1883) estabelecem que as autoridades chilenas devem solicitar permissão ao governo da Bolívia para inspecionar qualquer carga que transite pelo país.

"Essas restrições para inspecionar impedem os esforços de interdição de cargas de narcóticos ilegais, permitindo que alguns cargueiros passem pelos portos chilenos sem inspeção", lamentou o Departamento de Estado.

O Chile, da mesma forma que o Brasil, é fonte de químicos precursores utilizados na produção de cocaína no Peru e Bolívia, assim como de efedrina, um composto que costumam ser utilizado sobretudo pelos traficantes mexicanos para a fabricação de metanfetamina.

Os EUA lembram que, segundo o relatório anual de drogas da ONU, o Chile é o maior consumidor de maconha e cocaína per capita na América do Sul.

O relatório valoriza os planos do governo de Sebastián Piñera para tratar "todas as fases dos esforços do controle de drogas", inclusive o consumo interno, recomenda o aumento das unidades especializadas antinarcóticos e reitera seu apoio para "continuar sua parceria" contra o narcotráfico.

Paraguai

"O Paraguai enfrenta grandes desafios para lutar com eficácia contra o narcotráfico e a produção: sua localização e os desafios institucionais enfrentados pelos organismos de aplicação da lei e pelos tribunais continuam dificultando os esforços contra o narcotráfico".


O país é um dos principais produtores de maconha no Hemisfério Ocidental, droga que segue com destino ao Brasil e Argentina. Também é uma nação de passagem para a cocaína andina, a maior parte da qual se destina à Europa, África e Oriente Médio, além dos países vizinhos e, em quantidades menores, aos EUA.

O relatório assinala que, apesar de a demanda interna de drogas ilegais continuar baixa, "o consumo de crack aumenta".

Os EUA enfatizam a necessidade de o Paraguai melhorar os esforços antinarcóticos, assim como aprofundar a colaboração com a polícia brasileira, e pedem que Assunção continue tomando medidas contra a corrupção.

Por outro lado, "o tráfico de armas, lavagem de dinheiro, falsificação e outras atividades ilegais relacionadas ao tráfico de drogas também são frequentes".

Uruguai

O Uruguai também não é país produtor, mas os narcotraficantes estrangeiros são cada vez atraídos pela localização estratégica marítima e pelas "porosas fronteiras" do país com Brasil e Argentina, o que facilita o trânsito ilegal de substâncias.

O consumo local da pasta base de cocaína "continua sendo um problema", indica o relatório, que assinala que os esforços para combater o tráfico e o consumo interno "são relativamente eficazes, apesar dos limitados recursos disponíveis" para os organismos policiais.

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