Segundo o relatório, o Brasil tem 900 mil consumidores de cocaína (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 3 de março de 2011 às 13h43.
Washington - Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai seguem sendo países estratégicos na distribuição de drogas de outras partes da América do Sul com destino à Europa e América do Norte, enquanto que o Brasil se transformou no principal consumidor na América do Sul, conforme o governo dos Estados Unidos.
O Departamento de Estado divulgou nesta quinta-feira seu relatório sobre a "Estratégia para o Controle Internacional de Narcóticos", um documento que se publica todo ano sobre a colaboração de outros países na luta dos EUA contra o tráfico de drogas.
O Brasil não só é o maior país da América do Sul, mas também tem a costa mais extensa do continente e isto "o transforma em uma rota de passagem inevitável para o contrabando de narcóticos rumo a Europa, África e em menor quantidade aos Estados Unidos", segundo o relatório.
"O Brasil é o maior consumidor de drogas na América do Sul e o consumo segue crescendo" assinalou o estudo acrescentando que segundo um relatório das Nações Unidas, o país tem 900 mil consumidores de cocaína.
O Departamento de Estado indicou que o Brasil, que se está transformando em uma fonte potencial dos compostos químicos precursores para a produção de cocaína, também está aberto ao trânsito de pequenos aviões da Colômbia e Peru com destino a Venezuela e Suriname.
"Paraguai continua sendo o maior fornecedor de maconha para o Brasil, embora se cultiva maconha no nordeste brasileiro para consumo local", acrescenta o documento.
Os produtos de cocaína entram no Brasil por rotas terrestres, pelos rios e em aviões que chegam da Bolívia, Peru e Colômbia em rota à África e Europa ou Estados Unidos.
O relatório assinalou que apesar da Argentina não ser um produtor significativo de narcóticos, continua sendo uma importante rota para o trânsito da cocaína produzida nos países andinos e é o segundo maior mercado sul-americano para essa droga.
A Administração de Controle de Drogas (DEA por sua sigla em inglês) calcula que no ano passado passaram pela Argentina cerca de 70 toneladas de cocaína destinadas majoritariamente à Europa.
Já o Chile, segundo o relatório, não é um grande produtor de drogas ilegais, mas é "um importante país de passagem para os embarques de cocaína andina com destino à Europa, e algumas fontes assinalam que para envios aos Estados Unidos também".
Em paralelo, no ano passado, o governo dos Estados Unidos tirou o Paraguai da lista dos países que são os maiores produtores e lugares de passagem de drogas ilegais, mas o relatório desta quinta-feira assinala que a maconha paraguaia se distribui no Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, mas não nos Estados Unidos.
Segundo o Departamento de Estado, o Uruguai não é um grande produtor de drogas mas "os traficantes, atraídos pela estratégica posição marítima do país, aproveitam as fronteiras com a Argentina e Brasil para transportar substâncias ilegais através do Uruguai".
"O consumo local do produto da base da cocaína, barato e altamente aditivo, conhecido como 'pasta base' continua sendo um problema", acrescenta o documento.