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Brasil cobra resposta dos EUA sobre acordo para uso da base de Alcântara

Resposta à proposta de uso americana da base de Alcântara foi entregue a Washington há quase um ano e até agora não houve novo parecer norte-americano

Base de Alcântara: pelo menos cinco empresas norte-americanas demonstraram interesse depois de uma visita à base (Marcos Corrêa/PR/Agência Brasil)

Base de Alcântara: pelo menos cinco empresas norte-americanas demonstraram interesse depois de uma visita à base (Marcos Corrêa/PR/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 13 de abril de 2018 às 15h22.

Lima - O governo brasileiro cobrou dos Estados Unidos uma resposta à proposta de uso da base de Alcântara, entregue a Washington há quase um ano e até agora sem resposta, disseram à Reuters fontes que acompanharam a reunião entre o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, e o Secretario de Estado interino dos EUA, John Sullivan.

"Nós apresentamos um resumo de 10 pontos que estamos esperando resposta. Alguns avançaram outros não. Na questão de Alcântara estamos esperando e cobramos uma resposta", disse à Reuters uma das fontes.

A proposta brasileira para uso da base substituiu o texto que foi rejeitado pelo Congresso no ano 2000 por ser considerada muito intrusiva pelos parlamentares, já que dava acesso total à base pelos norte-americanos com pouco retorno tecnológico para o país.

"Nossa contraproposta avançou nas questões que preocupavam o Congresso e acho que cobre bem as preocupações americanas com propriedade intelectual, proteção à tecnologia", disse uma das fontes. "O que foi dito agora é que a proposta já passou por todas as agências americanas e em seguida eles estarão prontos para negociar."

O governo brasileiro apresentou a propostas no início de junho de 2017. Desde então, diversas empresas demonstraram interesse em lançar foguetes da base em Alcântara (MA) que, por sua localização na linha do Equador exige 30 por cento menos combustível que outras regiões.

Pelo menos cinco empresas norte-americanas demonstraram interesse depois de uma visita à base. Lockheed Martin e Boeing estiveram em Alcântara, além da Vector Space Systems, que lança pequenos satélites, e da Microcosm. Todas elas, no entanto, só podem usar a base depois de assinado um acordo de salvaguardas de tecnologia entre os dois países, por exigência das leis norte-americanas.

"A própria Boeing tem pressionado o governo americano para resolver essa questão porque eles têm muito interessem no uso da base", disse uma das fontes.

Inicialmente, autoridades brasileiras haviam dito que a SpaceX também participara da visita a Alcântara e demonstrara interesse em usar a base. A SpaceX informou posteriormente, no entanto, que não visitou a base e que não tem interesse em usá-la.a

O Brasil abandonou planos de construir seu próprio foguete para transportar grandes satélites após uma explosão em 2003 em Alcântara que matou 21 pessoas e dizimou o programa espacial brasileiro. Depois disso, ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi feito um acordo com a Ucrânia para desenvolvimento conjunto de um veículo lançador de satélites.

O país europeu, no entanto, nunca pagou sua parte no investimento nem entregou a tecnologia combinada. O acordo foi rompido em 2015.

A intenção agora é encontrar uma forma de receber dividendos e também tecnologia. O uso da base foi oferecido não apenas para os Estados Unidos e outros países interessados poderão usar também.

Embora o mercado de lançamentos de grandes satélites geoestacionários tenha se consolidado, o Space Enterprise Council, que representa a indústria norte-americana desde serviços de lançamento até fabricantes de satélites, disse que o crescente setor de microsatélites poderia registrar até 600 lançamentos para satélites abaixo de 50 kg deste ano a 2022.

Alcântara poderia ocupar 25 por cento desse mercado, de acordo com o conselho, que disse que uma parceria entre os EUA e o Brasil daria a ambos os países uma vantagem no segmento de rápido crescimento.

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