Covid-19: pico será só daqui um mês, mas reabertura da economia já é uma realidade para os brasileiros (Jonne Roriz/Bloomberg/Getty Images)
Clara Cerioni
Publicado em 1 de julho de 2020 às 10h36.
Última atualização em 1 de julho de 2020 às 17h42.
Com quase 60 mil mortos e mais de 1,4 milhão de infectados, o Brasil ainda não chegou no pico da pandemia da covid-19, segundo a diretora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, Carissa Etienne. Esse momento, projeta ela, só será em agosto.
"Conforme as condições atuais, acredita-se que a pandemia atingirá um pico no Chile e na Colômbia em meados de julho, mas na Argentina, Brasil, Bolívia e Peru só em agosto, e a Costa Rica só achatará sua curva de infecções em outubro", disse Etienne em uma coletiva de imprensa virtual nesta terça-feira, 30, a partir de Washington.
De acordo com a autoridade da OMS, as Américas são o epicentro mundial da pandemia de coronavírus atualmente, e a cifra de óbitos na região como um todo pode quase triplicar e atingir 637 mil até o dia 1º de outubro.
Só na América Latina, o número de mortes em decorrência da covid-19 pode chegar a 438 mil até outubro, se as medidas preventivas não forem cumpridas pelos países da região. No momento, as mortes pela doença respiratória provocada pelo novo coronavírus na região estão em 113.844, ou quase um quinto do número global de óbitos, de acordo com um mapeamento da Reuters.
"A complacência é nossa inimiga na luta contra a covid-19", disse Etienne, acrescentando: "A batalha é dura, mas está longe de estar perdida."
Atualmente, o Brasil é o segundo país do mundo com maior número de casos e de mortes pelo novo coronavírus, só ficando atrás dos Estados Unidos, e diretores da OMS disseram que pediram diversas vezes que o país aumente os exames e transmita uma mensagem coerente à população.
Por mais de uma vez o presidente Jair Bolsonaro já minimizou a pandemia, classificando a Covid-19 de uma "gripezinha" e desdenhando do número de mortos pela doença no país.
Ele também entrou em rota de colisão com governadores que adotaram medidas de distanciamento social, como o fechamento do comércio, e acusou chefes de Executivos estaduais de exterminarem empregos. Agora, o país está em processo de flexibilização do isolamento, apesar da alta diária nos casos e mortes em decorrência da doença.