Vacinação: apesar de ter o mesmo princípio ativo, a formulação pediátrica para crianças entre 5 a 11 anos, por exemplo, possui uma concentração diferente (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 18h52.
Última atualização em 16 de dezembro de 2021 às 18h53.
O Brasil ainda não tem em solo nacional as chamadas doses pediátricas da vacina da Pfizer, que são voltadas à aplicação em crianças. O uso do imunizante na faixa etária de 5 a 11 anos foi liberado nesta quinta-feira, 16, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas o início da aplicação está condicionado à chegada das doses adaptadas, o que pode fazer com que o público comece a ser imunizado só em 2022.
Como a vacinação de crianças não estava aprovada pela Anvisa, a Pfizer apontou que "nenhuma dose de vacina pediátrica foi enviada ainda ao País". Por outro lado, a farmacêutica explica que o terceiro contrato firmado com o governo brasileiro, assinado em 29 de novembro para o fornecimento de 100 milhões de imunizantes anticovid no ano de 2022, abre caminho para a chegada de vacinas para crianças.
Isso porque, continua a Pfizer, o acordo "inclui a possibilidade de fornecimento de versões modificadas do imunizante para variantes (como a Ômicron), que poderão ser eventualmente desenvolvidas caso necessário, e versões para diferentes faixas etárias". O fornecimento depende do que for solicitado pelo Ministério da Saúde.
Apesar de ter o mesmo princípio ativo, a formulação pediátrica para crianças entre 5 a 11 anos, por exemplo, possui uma concentração diferente, um maior número de doses por frasco e um prazo de armazenamento maior na temperatura de geladeira entre 2-8°C. "O frasco também virá com uma coloração diferenciada, com tampa e rótulos cor laranja, para que possa ser distinguido da formulação utilizada hoje em indivíduos com 12 anos ou mais", informou a Pfizer.
Segundo a farmacêutica, o imunizante demonstrou eficácia de 90 7% em estudo clínico desenvolvido especificamente para a faixa etária pediátrica. Os ensaios de fase 2/3 foram realizados em 2.268 crianças em Estados Unidos, Finlândia, Polônia e Espanha.
Procurado, o Ministério da Saúde não informou se o contrato firmado com a Pfizer no fim de novembro já condicionava a liberação de determinada quantidade de doses pediátricas assim que a Anvisa aprovasse a vacina para crianças ou se terá que fazer uma solicitação para pedir as doses específicas.
Conforme mostrou o Estadão no início de novembro, a pasta antecipou a negociação com a Pfizer para adquirir 40 milhões de doses para imunizar crianças de 5 a 11 anos, o que acabou resultando no fechamento do contrato no final daquele mesmo mês. Não foi especificado, contudo, se o governo federal continua prevendo a mesma quantidade para aplicação nesse público-alvo e em qual janela de tempo planeja administrar as vacinas.
Estados aguardam envio de doses para iniciar aplicação em crianças
Em entrevista à Rádio Eldorado, do Grupo Estado, na manhã desta quinta-feira, 16, o secretário da Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, adiantou que, como a apresentação da vacina da Pfizer para crianças aprovada pela Anvisa é diferente do imunizante aplicado em adultos, não teria como iniciar a aplicação de forma imediata.
"Talvez precisemos de um pouco mais de tempo, até para a própria fabricante fornecer as doses ao ministério e ele fazer a sua operação logística de forma adequada", disse Gorinchteyn. "Acredito que nós ainda teremos que aguardar um pouco mais, talvez algumas semanas para (a vacina pediátrica) estar definitivamente disponível nos postos de saúde."
O secretário lembrou que nesta quarta-feira, 15, foi protocolado na Anvisa um novo pedido para registro definitivo da Coronovac, que, se aprovado, permitirá o uso do imunizante em crianças e jovens de 3 a 17 anos. "Muito possivelmente nós teremos alguma definição nos próximos dias para ser também mais uma opção para nossa população", afirmou o secretário.
Com a aprovação da vacina da Pfizer para crianças, o governo da Bahia informou, em nota, que irá aguardar as orientações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) para "realizar os ajustes necessários ao esquema vacinal".
Já a Secretaria de Estado de Saúde (SES) do Rio de Janeiro ressaltou que a liberação do uso da vacina é competência do Ministério da Saúde e que, portanto, aguarda o posicionamento do órgão a este respeito. "Assim como o estabelecimento dos protocolos de uso da vacina neste público, que deverá tratar sobre as seringas a serem utilizadas", informou a pasta.
Outros Estados também esperam a determinação de novas diretrizes pelo governo federal e o envio de doses para iniciar a aplicação da vacina em crianças.